Escritos Aleatórios #41 e Algumas Notas

“Tenho vindo a tentar falar contigo, mas nem ouves nem reconheces os sinais. Não te consegues aperceber que aos poucos já não sou eu quem te ouve ou quem fala contigo, mas sim uma projecção de mim mesma enquanto a minha mente vagueia. Para onde? Saberias, se ao menos te desses ao trabalho de fazer aquelas pequenas perguntas rotineiras que calham sempre tão bem. «Como estás?» «O dia correu bem?» Em vez disso acusas-me de aplicar mal o meu tempo, tempo esse que é gasto a fazer coisas de que gosto, que me fazem sentir bem e que compensam o imenso buraco que a tua ausência deixa constantemente.

Enquanto te queixas e eu vou dizendo que sim, ignoras que nos bastidores do meu dia a dia um novo interveniente se tem manifestado. Mal consigo perceber quando é que entrou na minha vida, três/quatro semanas?, mas tomo consciência que tem vindo a conquistar um papel cada vez maior em mim. Onde tu dizes que não queres estar por teres onde melhor ocupar o teu tempo, ele está lá. Quando dizes que preferes ficar em casa a jogar ou a beber cervejas com os amigos em vez de me acompanhares, ele é o primeiro a perguntar-me se preciso, se quero, se gostaria, que ele me acompanhasse.

Têm sido anos de altos e baixos, como com todos os casais, mas a tua indiferença e sentido de segurança em algo que está preso por um fio chocam-me. Choca-me, essencialmente, a facilidade que tens em apontar o dedo e em dizer que o problema sou eu e a minha agenda preenchida. Recordo-me de todas as discussões em que te perguntei o que é que poderíamos fazer então, o que é que gostarias de fazer, quando e onde, ao que apenas respondias que assim nem vontade tinhas, que de certeza que eu arranjaria alguma coisa para fazer.

Até há três/quatro semanas atrás, eu anulava-me, submetia-me, deixava que expusesses toda essa injustiça quase sentindo-me culpada por fazer coisas que me deixavam bem, que me davam felicidade. E depois conheci-o e aos poucos a semente de dúvida foi sendo plantada. Não por ele, que tem sido o mais respeitador possível, mas por mim. Como é que um perfeito estranho é capaz de se interessar tanto pelo que faço, admirar, incentivar e motivar quando supostamente a pessoa que amo desvaloriza tudo e me faz sentir uma inútil? Como é que de repente é para ele que me viro para desabafar, partilhar alegrias e tristezas esperando sempre um carinho como resposta?

E antes que penses que te estou a dizer estas coisas por causa dele, aviso-te, é por mim. É por mim que te confronto porque tenho sido uma idiota ao me calar e ao te deixar manipular as minhas emoções de forma a fazer de ti o desprezado e eu a má da fita. É por mim que digo que chega, que não há amor que compense toda a frustração ao final de um dia, de uma semana. Não, não comeces! Não vou a correr para os braços dele, mal o conheço! Mas ele ajudou-me a ver que se um simples conhecido/amigo é capaz deste apoio tão sincero e natural, então tu, que supostamente me amas, devias ter prazer em fazê-lo, em acompanhar-me, em celebrar comigo as minhas conquistas, em chorar comigo as minhas derrotas. Não é isso que eu faço contigo? Pois, talvez não tenhas muito para conquistar, talvez as tuas vitórias não passem de jogos no computador ou nos bares com os amigos, mas para mim não chega.

Quero mais, mereço melhor e tu conseguiste levar-me à exaustão. Para mim chega. Amo-te, mas tenho obrigação de me amar mais a mim, de nunca me diminuir seja por que for, nem mesmo por ti.”

Morrighan 22/11/2013 – 1h06

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Há muito tempo que não colocava aqui texto algum, em parte porque há meses que não consigo escrever, mas ainda assim, queria deixar uma nota neste escrito e que se aplica a todos os outros.

Muitos dos textos aqui publicados são baseados em experiências reais, minhas e de quem me rodeia, mas raramente são pessoais. Outros são apenas histórias baseadas em fantasias e sonhos, coisas que aparecem enquanto ouço uma música ou leio um livro que despoletam uma qualquer emoção. 

Com esta publicação espero não só despertar novamente o bichinho em mim, que ando cheia de saudades de escrever, mas também nos outros, pois como já foi dito num post anterior, também vocês me podem enviar os vossos escritos aleatórios para serem publicados no blogue. 

Obrigada.

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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