A Chama de Sevenwaters (Sevenwaters #6)
Juliet Marillier
Editora: Grupo Planeta
Sinopse: Dez anos depois do terrível incêndio que quase lhe custou a vida, Maeve, filha de Lorde Sean de Sevenwaters, regressa a casa.
Traz nas mãos disformes as marcas desse acidente e dentro de si a coragem férrea de Liadan e Bran, os pais adoptivos, e um dom muito especial para lidar com os animais mais difíceis.
Embora as cicatrizes se tenham fechado, Maeve ainda teme as sombras do passado — e o regresso a casa não se faz sem dificuldades.
Até porque Sevenwaters está à beira do caos.
Opinião: Sevenwaters… É impossível não ser completamente abalroada por uma extrema nostalgia, um carinho enorme e uma sensação de saudades inexplicável. Não sei se já tinha partilhado isto convosco, mas foi através da trilogia original de Sevenwaters que o bichinho da leitura se apoderou novamente de mim. Na altura a minha afilhada académica sugeriu-me Juliet Marillier e acabou por me emprestar os três livros que devorei ao ritmo de quase um por dia. Quando peguei em A Chama de Sevenwaters, foi quase como reviver A Filha da Profecia no sentido em que estava perante um novo fim, este definitivo, do mundo de Sevenwaters.
É chegada a hora de encerrar este ciclo e não podíamos ter melhor protagonista que Maeve, a fazer relembrar Liadan em tantos aspectos e fazendo-nos recordar também de Bran e da sua coragem infinita. É nessas duas personagens que Maeve se inspira e baseia para encontrar forças nos momentos mais complicados. As linhas dos destinos da família de Sevenwaters estão intrinsecamente ligadas às do Outro Mundo desde que Finbar foi raptado e o receio de que este tenha ficado com marcas irreversíveis desde então intensifica-se com o desenrolar da acção.
Depois de um desaparecimento misterioso de dezenas de aliados de Sean, alguns começam a aparecer mortos nas condições mais estranhas até que já só restam aparecer os filhos do líder. Para apaziguar o tumulto, dado que os desaparecimentos acontecem dentro das fronteiras de Sevenwaters, Maeve vê-se obrigada a regressar a Sevenwaters. O seu regresso é tudo menos pacífico para si e não fosse a sua melhor amiga e companheira, as coisas seriam ainda mais difíceis. Dada a sua limitação física por causa das mãos, muitas vezes sente-se observada e julgada, levando-a ao isolamento.
O ambiente está caótico, numa fúria eminente e quando Finbar desaparece, Maeve irá encontrar desafios que irão colocá-la à prova e aos seus instintos. Confiar ou não confiar, o que temer, o que fazer, o medo, o pânico, tudo elementos que irão ser confrontados com a sua força de vontade férrea e a certeza de que tem que fazer o seu melhor para que tudo acabe bem. Dois irmãos com dons diferentes, mas que conjugados irão mudar para sempre o destino tanto de Sevenwaters como do Outro Mundo.
Não fiquei minimamente indiferente à narrativa. A autora soube como tocar no coração dos seus leitores provocando, por vezes, uma tristeza imensa e noutras uma euforia que nos prende a cada letra, cada palavra, cada frase. São destinos que se cruzam e que impõem sacrifícios, males que têm de ser combatidos custe o que custar e ao mesmo tempo o constatar que muitas vezes o mal é cometido com boas intenções, mas que muitas vezes essas boas intenções não passam de máscaras para disfarçar a cobardia.
Um livro forte, intenso, com a familiar magia da trilogia original e que fecha de forma honrada a história da grande família de Sevenwaters. Uma história repleta de amor, perda, luta, morte, conquista e sobretudo de sacrifício. Até mais, Sevenwaters.