Tigana – A Lâmina na Alma
Guy Gavriel Kay
Editora: Saída de Emergência
Sinopse: Tigana é uma obra rara e encantadora onde mito e magia se tornam reais e entram nas nossas vidas. Esta é a história de uma nação oprimida que luta para ser livre depois de cair nas mãos de conquistadores implacáveis. É a história de um povo tão amaldiçoado pelas negras feitiçarias do rei Brandin que o próprio nome da sua bela terra não pode ser lembrado ou pronunciado.
Mas anos após a devastação da sua capital, um pequeno grupo de sobreviventes, liderado pelo príncipe Alessan, inicia uma cruzada perigosa para destronar os reis despóticos que governam a Península da Palma, numa tentativa recuperar um nome banido: Tigana.
Num mundo ricamente detalhado, onde impera a violência das paixões, este épico sublime sobre um povo determinado em alcançar os seus sonhos mudou para sempre as fronteiras da fantasia.
Opinião: Muito ouvi eu falar de Tigana e não descansei enquanto não o li. Em Portugal a recepção a este tipo de livros parece um nicho, mas a verdade é que lá fora tem tido bastante sucesso. A sua média de pontuação no Goodreads.com é superior aos 4/5 pontos e a verdade é que está bem justificada. Tigana – A Lâmina na Alma, apresenta-nos um mundo original, com personagens cativantes e uma história que se entranha nas veias do leitor levando-o a vivê-la intensamente ao longo das três centenas de páginas.
O enredo é complexo, mas não complicado. Extremamente bem estruturada, a narrativa passa-se num território fraccionado em sete zonas em que o domínio de seis delas está igualmente distribuído por dois feiticeiros. É no terreno neutro que começa a grande história de Tigana, o nome impronunciável, a terra esquecida. Não é uma história simples, mas antes que faz pensar, reflectir, que abana e viola convicções e ilusões, que enfatiza os aspectos reais do ser humano e que utiliza a fantasia como uma espécie de máscara encantadora à volta da brutalidade das emoções e dos acontecimentos.
É um livro adulto, em que a própria relação entre as personagens nada tem de simples. A miríade de sentimentos é vasta e diversa e com alguns dos protagonistas são-nos incutidas as noções de que muitas vezes o amor não chega para curar tudo, para ser solução; que nada é branco ou preto, que a palete de cinzentos pode ser de uma dimensão incomensurável e que nem sempre é fácil reconhecermo-nos quando passamos muito tempo a representar um papel que não é o que somos, tudo por um ideal maior. Dianora e Alessan são quem mais reflecte todas as dicotomias presentes em termos de ideais e consciência.
A escrita de Guy Gravriel Kay é óptima, por vezes poética, no sentido em que fica difícil não ficarmos presos às várias interpretações de determinadas cenas, por vezes bastante densa face aos acontecimentos que expressa. É daquelas escritas que marca, impressiona, sendo bruta e delicada ao mesmo tempo, fascinando pela sua simplicidade em colocar em causa o que é bom ou mau. Estamos perante o início de uma demanda pela reconquista da identidade de um povo suprimido e que promete trazer muito mais acção e emoção ao leitor. Adorei e só posso recomendar a qualquer tipo de leitor. Mais que um livro de fantasia, é um livro de luta.
Tenho ouvido falar muito deste livro ultimamente, conto ler.
Gostei muito desta opinião. Parabéns Sofia
Obrigada, Nuno :))
Na minha opinião o livro está mesmo muito bom e merece que o levem a sério.
Beijinho
Já estava interessada em ler este livro, agora ainda fiquei mais…