As Histórias de Terror da Entrada do Túnel
Chris Priestley
Editora: Arte Plural Edições
Sinopse: Robert está entusiasmado: pela primeira vez, vai viajar sozinho de comboio! Está a caminho de um novo colégio e vai finalmente deixar para trás o tédio das férias, passadas em casa com a sua irritante madrasta. De início, a viagem ameaça ser bastante aborrecida, sobretudo quando o comboio fica parado, durante horas, à entrada de um túnel profundo e escuro. Mas, felizmente, Edward conta com a companhia de uma mulher, esguia e elegante, totalmente vestida de branco, que o vai entretendo com histórias? histórias cada vez mais arrepiantes e perturbadoras. À medida que o tempo vai passando, o comboio continua misteriosamente parado?
Opinião: Este foi um livro que me veio parar às mãos graças ao projecto Prémio Literário da Blogosfera. Estava nomeado, com mais dois finalistas, para livro do ano de 2013 do género fantástico e eu ainda não o tinha lido. Foi rápido e fácil aperceber-me do porquê da nomeação e do entusiasmo à volta do mesmo. Apesar de ser uma obra juvenil/jovem-adulto, é uma daquelas narrativas que conseguem fazer pensar e arrepiar gente grande. Camuflado com ilustrações e uma escrita simples, As Histórias de Terror da Entrada do Túnel é um livro surpreendente que prende do início ao fim.
Robert é um rapazinho que já não consegue aguentar a madrasta e está ansioso por voltar para o colégio. Quando se vê na plataforma completamente embaraçado com as demonstrações de afecto da madrasta, o constrangimento não podia ser maior do que o alívio sentido na hora de partir. Entra no comboio, escolhe a carruagem, e é quando este pára, sem razão aparente, que tudo começa a tomar contornos interessantes e inesperados. Todos os passageiros à sua volta parecem estar num sono profundo tirando a misteriosa mulher que se encontra à sua frente. Quando dá por si, está a falar com ela e em menos de nada vê-se a mergulhar em história após história contada pela mesma.
Todas as histórias, no final, deixam-no profundamente perturbado, como se parte daquilo estivesse a ser vivido por ele e sentisse a presença duma identidade invisível comum em todas as histórias. São vários os temas abordados em cada um dos mini-contos, mas existe um ponto comum entre todas que é o impacto visual, quase sensorial, que algumas descrições provocam. Este ponto da escrita de Chris Priestley provoca no leitor um sentimento de terror e de fascínio ao mesmo tempo, que é complementado e alimentado pelas excelentes ilustrações de David Roberts.
Um livro de leitura rápida, que apenas peca pelo fim algo precipitado e por alguns momentos de expectativa não saciados. Perceberão quando o lerem, caso sintam o mesmo que eu, pois em mim ficou a necessidade de saber mais sobre as personagens que o rodeavam e mais sobre aquela mulher tão misteriosa, de ar inocente e provocador ao mesmo tempo. Gostei e fiquei com vontade de pegar nos restantes livros de contos de terror do autor.