O Olhar do Açor (Crónicas da Terra e do Mar – Livro 1)
Sandra Carvalho
Editora: Editorial Presença
Sinopse: A descoberta dos Açores, e todo o mistério e aventura que a envolveu, foi o mote para esta obra em dois volumes de Sandra Carvalho. É uma narrativa que entretece com mestria verdade histórica e ficção, a realidade da sociedade portuguesa do século XV e a fantasia das personagens e dos cenários imaginados pela autora. Neste primeiro volume, que se centra nas histórias de vida dos fidalgos, ganham principal relevância as figuras de Constance, uma nobre inglesa enviada para Portugal para se casar com Gonçalves Vaz, senhor da valiosa herdade de Águas Santas; Nuno Garcia, um corsário implacável; Leonor, fruto ilegítimo da paixão de Constance e de Diogo, o jovem corajoso, protegido de Nuno Garcia e que Constance conhece durante a viagem, Guida, a escrava negra que cresceu com Leonor, e Tomás Rebelo, o fidalgo malévolo que deseja assenhorear-se de Águas Santas. Intriga, ganância, amor, paixão, e uma aura de misticismo, num romance extraordinário.
Opinião: Em qualquer Feira do Livro de Lisboa, sempre que o nome Sandra Carvalho é anunciado nas sessões de autógrafos, basta passar pela praça da Editorial Presença para testemunharmos a longa fila de leitores que esperam com afinco pelo seu tempo com a escritora. Desde que se iniciou com A Saga das Pedras Mágicas, cujo primeiro volume tem o título A Última Feiticeira, que o número de leitores foi sempre a subir. Passados oito volumes e, consequentemente, terminada essa série tão cheia de magia e de leitores sedentos por mais, Sandra Carvalho inicia uma nova estória, esta dividida em dois volumes, em O Olhar do Açor.
Enquanto que n’A Saga das Pedras Mágicas o universo fantástico é evidente desde o início, nesta nova obra a autora apostou primeiro numa contextualização temporal e histórica, construindo todo o enredo à volta dos costumes do século XV e tecendo fervorosamente um mistério para o qual o leitor terá a sua dose de espera para ver revelado. A componente de fantasia vai-se mostrando aos poucos, assim que urge a necessidade de evitar uma miríade de tragédias que parecem impossíveis de combater. E este é um ponto forte a favor de Sandra Carvalho – a forma como a autora conduz o leitor para o pânico, levando-o a sentir uma ferocidade protectora imensa em relação às personagens e criando a inevitável ligação com as mesmas.
Se no início ficamos a conhecer o passado de Constance e o grande segredo que esta esconde, é na narrativa central que acompanhamos a vida de Leonor, sua filha, que herdará a grande responsabilidade de nos encaminhar pelos caminhos tortuosos da destruição, da morte, mas ao mesmo tempo da esperança, do amor e da paixão. Guida, a sua grande e fiel amiga, dar-nos-à outra perspectiva dos acontecimentos, da forma como vê o mundo e do que uma pessoa está disposta a fazer para proteger quem ama verdadeiramente. A sua luta contra as suas raízes místicas será uma luta que facilmente irá perder se quer tentar salvar Leonor.
O fim é ingrato e certamente qualquer leitor irá reclamar por não haver já o segundo volume. Tantas perguntas por responder, tantas dúvidas, emoções pendentes que transbordam do peito de quem quer ver um final feliz e este não chega. Crónicas da Terra e do Mar mostra-nos uma narrativa que oscila entre a bondade e a malvadez, entre o desejo e a obsessão, o amor e a perda. Com uma escrita dura nos momentos certos e enternecedora nos restantes, ficar indiferente a esta estória que tanto nos transporta para o passado português mostra-se impossível. Falta esperar pelo derradeiro desfecho e pelo destino que Sandra Carvalho terá dado aos protagonistas. Gostei.
Olá Sofia 🙂
Nunca li nada de Sandra Carvalho. É estranho como fazendo parte do mundo que é a blogosfera descobrimos tantas coisas boas. 🙂
Fiquei curiosa.
Boas viagens
Rosana
http://bloguinhasparadise.blogspot.pt/
Hello! :)) Pois é, a blogosfera é um mundo! Boas leituras e um beijinho
Bom post 🙂
Muito obrigada :))