Opinião: A Lança do Deserto de Peter V. Brett

A Lança do Deserto

Peter V. Brett

Editora: ASA

Chancela: 1001 Mundos

Sinopse: O Sol põe-se sobre a Humanidade. A noite pertence agora a demónios vorazes que se materializam com a escuridão e que caçam, sem tréguas, uma população quase extinta, forçada a acobardar-se atrás da segurança de guardas de poder semi-esquecidas. Mas estas guardas apenas servem para manter os demónios à distância e as lendas falam de um Libertador; um general, alguns chamar-lhe-iam profeta, que em tempos uniu a Humanidade e derrotou os demónios. No entanto esses tempos, se alguma vez existiram, pertencem a um passado distante. Os demónios estão de volta e o Libertador é apenas um mito… Ou será que não?

Opinião: Vão fazer quatro anos que li o primeiro volume desta série – O Homem Pintado. Na altura, em que a grande moda era a Literatura Fantástica, principalmente vampiresca, quando li O Homem Pintado fiquei, desde cedo, fascinada e com a perfeita noção de que não é qualquer escritor que tem a capacidade de criar um universo com tamanha estrutura, personagens complexas e intensas, e ainda conseguir manter o leitor atento, sem dispersar, sedento pela continuação, reconhecendo a enormidade tanto da obra como do autor – Peter V. Brett. 

Apesar da leitura d’A Lança do Deserto só se ter proporcionado quase quatro anos depois, mesmo já esperando o entusiasmo com a leitura, não estava assim tão preparada para mais uma dose bruta de informação. Ao início,  nem sequer consegui perceber que tipo de ligação poderia ter com o anterior, temi, até, que me tivesse esquecido de alguma passagem crucial, mas mais tarde, quando todos os pontos se juntam, é impossível não ficar deslumbrado com a forma como o autor teceu a narrativa. É um entrelaçar de acontecimentos, coincidências, amores e desamores, lealdades e traições, que tem como objectivo único a sobrevivência. 

Nos primeiros capítulos conhecemos os Krasianos e a sua sociedade, a forma como estão organizados e estratificados. Uma mentalidade rigorosa, assaz violenta, não obstante aceite, e que não deixa espaço para fracos. A liderança do povo, pelo Shar’Dama Ka, é conquistada por Jardir, cujo percurso culmina com a crença de que é ele o Libertador, aquele que irá unificar todos os povos e libertar a humanidade dos demónios, que a cada ciclo de escuridão os ataca. Neste sentido, Jadir e Inevera, a sua  Jiwa Ka, primeira mulher, e líder das damaja’ting. Uma cultura muito diferente das cidades livres e cujo choque entre elas será inevitável. 

Também em relação aos vários tipo de demónios e ao que os move, o autor foi bastante perspicaz a introduzir uma série de informação nova. A relação intrínseca entre o núcleo e o próprio Homem Pintado, Arlen, foi bastante explorada e não foram raras as vezes que tememos pelo nosso protagonista. Leesha e Roger, os seus principais companheiros do livro anterior, têm uma grande evolução e tornam-se fulcrais para o destino das Cidades Livres. Também Renna, a prometida de infância de Arlen, aparece e evolui de forma a tornar-se na peça fundamental para que o Homem Pintado resista ao chamamento do núcleo.

A escrita de Peter V. Brett é fluída, carregada de emoção e a velocidade que oscila entre a luxúria e a agressividade, compõe um equilíbrio ponderado que faz com que o leitor nunca saiba bem o que esperar ao certo o que vem a seguir. Estou muito curiosa para ler A Guerra Diurna, que é referida várias vezes ao longo desta narrativa, pois representa a derradeira batalha entre humanos e nuclitas/alagai. É, sem dúvida, uma das melhores séries de Literatura Fantástica que já li. 

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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