Aquando do 5º Aniversário do blogue, a 13 de Dezembro de
2013, desafiei alguns autores a fazerem algumas perguntas relacionadas comigo
ou com o blogue que gostassem de ver respondidas. Como as comemorações levaram
um mês e culminaram no evento a 18 de Janeiro de 2014, decidi que talvez fosse
bom esperar uns meses, deixar assentar e agora que já penso no 6º aniversário,
começar a reviver o que se disse sobre o blogue naquela altura e responder então
às ditas perguntas. Como estou nesta espécie de retiro, achei que era uma
óptima ocasião para tal. Vejam lá o que me andaram a perguntar…
Que tal pensares em
fazer uma versão inglesa do teu fantástico blog? Já pensaste onde ele te
poderia levar? (Luísa Fortes da Cunha)
Já pensei imensas vezes nisso, tenho, inclusive, uma amiga
minha a escrever, esporadicamente, reviews em inglês para o blogue, mas a
verdade é que, acima de tudo, o que me interessa aqui é chegar ao público
português. A internacionalização será sempre uma ambição a longo prazo, claro,
quem é que não quer ver o seu trabalho reconhecido pelo maior número de pessoas
possível? Mas antes quero solidificar o meu trabalho em Portugal, divulgando a
nossa cultura – a nossa literatura, a nossa música, a nossa arte, o nosso
teatro, o nosso cinema, tudo quanto conseguir alcançar e abranger.
Com o passar do
tempo, as expectativas mudam. Alcançam-se objectivos e traçam-se outros planos.
Do caminho percorrido até agora, o que é que desejavas que tivesse acontecido,
mas (ainda) não aconteceu? (Carla Ribeiro)
Sinceramente, olhando para trás, o balanço que faço é que
tudo aconteceu quando devia ter acontecido. Sendo um projecto pessoal, que
começou como uma espécie de diário e story telling mitológico, o crescimento
foi para lá de qualquer sonho, desejo ou visão que pudesse ter a 13 de Dezembro
de 2008. Era ainda uma miúda, no início da faculdade, que ainda não se tinha
encontrado por completo e cujo curso a solo não a satisfazia. Se gostava de ter
mais meios para concretizar todas as ideias? Claro que sim! Quem me dera já ter
concretizado umas quantas até hoje, mas se não aconteceu, é porque ainda não
era a altura. Falta de esforço é coisa que não existe por aqui J
Qual a jogada de três
pontos que não te esqueces desde que começaste o blog (foi um livro ou um
autor)? (Paulo Ferreira)
Que bela pergunta! Sabes o que é que te digo? Nem uma coisa,
nem outra, e as duas ao mesmo tempo. A jogada de três pontos que nunca vou
esquecer são os vários momentos e gestos de carinho que as pessoas, porque são
elas que interessam, têm demonstrado. O reconhecimento do trabalho que faço é o
cesto do meio campo que salva o jogo no último segundo. As oportunidades que me
dão, a confiança que me dão, tudo. Os livros são uma grande fonte de inspiração
e uma óptima escola. Com cada livro aprendo alguma coisa, seja de que género
for. É por isso que hoje em dia leio de tudo, obrigo-me a ler de tudo e acabo
por descobrir um pequeno prazer em cada escolha que faço, por muito diferente
que seja.
Sei que és uma pessoa
muito ocupada (basket, aulas, leituras, blog…) e que nem sempre é fácil
conseguires gerir tudo o que tens para fazer. O que te move a manter um
projecto como este, o que te inspira a continuar? (Samuel Pimenta)
As pessoas. Mais uma vez, à semelhança da resposta anterior.
Primeiro, é importante que eu me sinta bem com o que faço. Pode parecer
arrogante ou egoísta, mas é a maior verdade de todas. Eu não consigo propor-me
a fazer algo com o qual não me sinta bem. Tenho sido obrigada, no bom sentido,
a sair várias vezes da minha zona de conforto e esses são desafios que adoro,
dado que cresço com eles e que no fundo queria fazer essas coisas, mas apenas
não tinha tido o empurrão certo até à altura. Depois de me sentir bem com o que
faço, é importante, em igual medida, ter esperança que com isso esteja a fazer
alguma diferença. Sem qualquer pretensão ou procura de pódio, não há nada mais
gratificante que saber que de alguma maneira tocaste a vida de alguém de forma
positiva. E o que me inspira a continuar é isso mesmo, o acreditar que com a
dose de motivação e entusiasmo certos, se consegue fazer a diferença, chegar às
pessoas e levar até elas projectos em que acredito. É o eu sentir-me
concretizada e sentir que, de alguma maneira, quem ajudo, sente-se feliz com
isso.
Numa reflexão sobre
os mundos leitor e editor em Portugal, quais foram as grandes conquistas destes
cinco anos e quais serão os desafios (actuais e vindouros) dos próximos?
(Madalena Santos)
A maior conquista foi o respeito. Num mundo onde leitores,
editores e bloggers parecem muitas vezes lutar e competir entre si, penso que o
respeito por parte de leitores e editores foi a maior conquista. O que devia
ser um processo natural, tornou-se numa espécie de guerra fria que acabou por
se resolver naturalmente. Quando o trabalho é de qualidade e feito com
dedicação, é impossível que se continue a ignorar ou a desvalorizar. Mais cedo
ou mais tarde, até a pessoa mais arrogante aprende a respeitar o trabalho de
quem o faz como deve ser. Hoje em dia tenho editores que se tornaram
verdadeiros amigos, leitores com os quais mantenho contacto regular fora da web
e bloggers que se tornaram verdadeiros amigos. Estas são as maiores conquistas
que me permitiram acreditar ainda mais no meu trabalho e fazer com o Morrighan
evolua cada vez mais.
Desafios dos próximos anos? Acho que o maior desafio, quase
sem dúvidas, é o conseguir manter um equilíbrio entre as minhas actividades
profissionais e o blogue. Uma coisa é teres 20 anos, estás apenas a estudar, e
podes dedicar-te à vontade a um projecto web. Outra coisa é estar prestes a
iniciar o doutoramento, dar aulas, jogar basquetebol na Liga principal de
Portugal e ainda manter o blogue com esta actividade e qualidade. Uma coisa é
certa, o salto que o blogue deu no último já foi comigo envolvida num projecto
de investigação, a dar aulas, a jogar no Benfica e ainda a fazer uma coisa ou
outra. Mas foi duro, e é sempre um desafio porque o blogue não dá um tostão e
eu tenho de me sustentar com o que realmente me dá dinheiro que é com o meu
curso de Engenharia Informática.