Entrevista aos Peixe:Avião, Banda Portuguesa [Banda Fusing]

Braga, é a cidade de origem dos peixe:avião, os entrevistados de hoje. Aproveitando a oportunidade através do festival Fusing Culture Experience, estes cinco rapazes aceitaram responder a algumas perguntas sobre o seu trabalho ao longo dos últimos sete anos, focando-nos um pouco no último, o disco homónimo. São uma banda que com o tempo tem vindo a conquistar cada vez mais ouvintes e prova disso foi também a nomeação no prémio europeu IMPALA deste ano, ao lado de nomes como John Grant, Nick Cave e Sigur Rós. Se a sonoridade pode não ser considerada para massas, a verdade é que ouvindo peixe:avião e escutando as suas letras, é impossível ficar indiferente. Sendo uma banda que gosto imenso, fiquei muito contente por saber mais sobre eles e ainda mais por poder partilhar convosco. Ora leiam. 



Olá malta! Contem-nos lá, como é que surgiu peixe:avião? Alguns de vocês já tinham outros projectos, não era?

O José, o Luís e o Ronaldo já tinham trabalho em conjunto em projectos anteriores e quiseram criar um novo projecto. O José e o André já se conheciam há algum tempo e o Pedro e o Luís idem, mas nunca tinham trabalhado em conjunto. Como estávamos praticamente todos sediados nas salas de ensaio do Primeiro de Maio, acabou por ser algo natural falarmos sobre o assunto, e começarmos a trabalhar em conjunto.

Porquê esse nome?

Tínhamos em 2007 um EP pronto a sair e um concerto marcado para a apresentação do mesmo e necessitávamos de um nome urgentemente para imprimir as capas do disco e os cartazes, criar um MySpace, etc. Como todos os nomes que nos surgiram soavam pirosos ou pretensiosos – escolher um bom nome em português não é tarefa fácil – virámo-nos para as letras das músicas do EP. A primeira letra da primeira música que fizemos dizia “Finjo a fazer de conta feito peixe:avião”. Deu nome à banda e ao nosso EP de estreia.


Em 2008 lançaram «40:02» e já nessa altura o hype em torno da vossa banda foi notável. É arriscado dizer que a fasquia se tornou logo demasiado alta ou tornou-se num desafio corresponder às expectativas?

Não achamos que a fasquia se tenha tornado demasiado alta, mas sentimos sempre vontade de nos superarmos, ou pelo menos de nos desafiarmos criativamente a cada trabalho. 

O facto de a banda não ter origem na capital, alguma vez vos fez sentir que estavam em desvantagem?

No que interessa de verdade, a música, estamos em pé de igualdade. É claro sendo da capital tens acesso mais rápido aos media e a outros agentes importantes do “mundo da música”, mas apenas porque não tens que fazer uma viagem de 300Km para te encontrares com eles.

Vai fazer 7 anos, em Setembro, que estão juntos. Que balanço fazem do vosso percurso enquanto peixe:avião até agora? Quais as maiores diferenças entre o «40:02» e «peixe:avião»?

Tem sido uma excelente jornada e sentimos que ainda temos muitos caminhos a explorar. A principal diferença, para além obviamente da maturidade auto-conhecimento do grupo, é o desprendimento, a curiosidade e a abertura de mente com que encaramos a composição. Isto deve ter sido conquistado com a tal maturidade e o estreitar da relação entre nós os cinco e reflecte-se totalmente no último trabalho. 

Consideram que o vosso mais recente álbum é o que melhor representa a vossa música? Foi por isso que lhe decidiram dar o nome da própria banda?

Sim, precisamente. Apesar de ser o nosso 3º trabalho de estúdio, foi o primeiro a ser composto integralmente pelos 5 na sala de ensaio. Foi o menos cerebral e calculado e o mais imediato e instintivo e onde a identidade da banda enquanto grupo de pessoas (e não indivíduos) ficou mais marcada.

Que história é que este álbum nos conta? Onde foram buscar a inspiração para as suas letras?

Em relação à inspiração para as letras que compuseram este disco, o empenho em analisar o julgamento imparcial das eventualidades promove a alavancagem das formas de ação. O cuidado em identificar pontos críticos na competitividade nas transações afectivas mais abstractas assume importantes posições no estabelecimento das novas proposições. O incentivo ao avanço tecnológico, assim como a constante divulgação das informações estende o alcance e a importância dos índices pretendidos. Ainda assim, existem dúvidas a respeito de como o acompanhamento das preferências de consumo causa impacto indireto na reavaliação do sistema de formação de quadros que corresponde às necessidades. Foi esta realização que nos guiou aquando da escrita das letras para o disco.

Cantar em português foi uma opção propositada ou teria sido igual, para vocês, cantarem noutra língua? Acham que isso vos coloca entraves na internacionalização da banda? 

A escolha da língua para as letras foi a única premissa na criação da banda. Não pensamos muito no que isso nos possibilita ou impossibilita, na verdade, até porque internacionalizar uma banda rock-indie-etc portuguesa é complicado, independentemente da língua. 🙂

É fácil ser-se músico em Portugal? Vocês conseguem fazê-lo a tempo inteiro?

Nenhum de nós é músico a tempo inteiro, mas creio que todos nós gostávamos de poder ser, pelo menos… é complicado, principalmente para uma banda do nosso “campeonato” e com um som que não é acessível à generalidade do público. 

Como reagiram à nomeação para o prémio europeu IMPALA deste ano, ao lado de nomes como John Grant, Nick Cave ou Sigur Rós?

É super gratificante e motivador ver o nosso nome entre os restantes nomeados, claro. É uma espécie de validação do nosso trabalho.

Já fizeram uma banda sonora e estiveram recentemente no Curtas Vila do Conde a musicar um filme clássico. Sentiram-se como peixes fora de água ou estavam na vossa praia?

Gostamos muito deste tipo de desafios que nos obrigam a olhar para o nosso trabalho de outro prisma. Este, em particular, foi muito desafiante e ficámos muito satisfeitos com o resultado. O nosso nome assenta-nos bem nesse sentido: gostamos de ser peixes fora de água.

Fotografia Sofia Teixeira

Por falar em praia, este Verão vão actuar no Fusing, em que o palco é em plena praia privativa. Alguma vez actuaram num palco assim?

Não e estamos com boas expectativas, não só porque só ouvimos coisas boas do festival, mas também porque vamos partilhar o palco com grandes bandas compostas por bons amigos.

O que é que podemos esperar dos peixe:avião nesse festival? Apresentação do novo disco? Revisitar alguns temas antigos?

Ainda devemos focar o nosso concerto mais no disco que lançámos no final do ano passado e, claro, tocar alguns dos temas que foram marcando o nosso percurso. Os concertos em ambiente de festival são sempre mais vivos e espontâneos do que os de auditório, por isso é provável que o concerto seja mais “roqueiro” do que o normal. 🙂

Uma das características deste festival é, precisamente, fundir várias actividades diferentes como a Gastronomia, Arte Urbana e Desportos Náuticos. Vão ter a oportunidade de explorar o recinto? Em tom de brincadeira, costumam fazer piadas com o nome da vossa banda e alguns pratos de comida?

Seria óptimo ter oportunidade de explorar as várias vertentes do festival! E sim, as piadas são uma constante, com menos incidência, agora que já estamos quase a fazer 7 anos de existência.

A vossa tour de Verão acaba a 20 de Setembro em Lisboa em local a anunciar. O que é que nos espera dos peixe:avião depois dessa data?

Contamos continuar a compor temas novos, a apresentar os que temos ao vivo tanto quanto pudermos e, quem sabe, ainda conseguiremos preparar mais alguma surpresa até ao final do ano.

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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