A Guerra Diurna
Peter V. Brett
Editora: ASA
Chancela: 1001 Mundos
Sinopse: Na noite da Lua Nova, os demónios erguem-se em força, procurando as mortes dos dois homens com potencial para se tornarem o lendário Libertador, o homem que, segundo a profecia, reunirá o que resta da humanidade num esforço derradeiro para destruir os nuclitas de uma vez por todas.
Arlen Fardos foi outrora um homem comum, mas tornou-se algo mais: o Homem Pintado, tatuado com guardas místicas tão poderosas que o colocam à altura de qualquer demónio. Arlen nega constantemente ser o Libertador, mas, quanto mais se esforça por se integrar com a gente comum, mais fervorosa se torna a crença destes. Muitos aceitariam segui-lo, mas o caminho de Arlen ameaça conduzir a um local sombrio a que apenas ele poderá deslocar-se e de onde poderá ser impossível regressar.
A única esperança de manter Arlen no mundo dos homens ou de o acompanhar reside em Renna Curtidor, uma jovem corajosa que arrisca perder-se no poder da magia demoníaca.
Ahmann Jardir transformou as tribos guerreiras do deserto de Krasia num exército destruidor de demónios e proclamou-se Shar’Dama Ka, o Libertador. Tem na sua posse armas ancestrais, uma lança e uma coroa, que consubstanciam a sua pretensão e vastas extensões das terras verdes se curvam já ao seu poderio.
Mas Jardir não subiu ao poder sozinho. A sua ascensão foi programada pela sua Primeira Esposa, Inevera, uma sacerdotisa ardilosa e poderosa cuja formidável magia de ossos de demónio lhe permite vislumbrar o futuro. Os motivos de Inevera e o seu passado encontram-se envoltos em mistério e nem Jardir confia nela por completo.
Outrora, Arlen e Jardir foram próximos como irmãos. Agora, tornaram-se os maiores rivais. Enquanto os inimigos da humanidade se erguem, os únicos dois homens capazes de os derrotarem encontram-se divididos pelos mais mortais de todos os demónios: aqueles que se escondem no coração humano.
Opinião: Três livros e centenas de páginas depois, tornou-se claro para mim que ler Peter V. Brett é impróprio para cardíacos. Já habituada à profundidade das suas narrativas e à complexidade dos seus enredos, é sempre um choque quando cada livro acaba. Em A Guerra Diurna, não só fiquei com cara de parva a olhar para o último parágrafo como rapidamente me fui assegurar que haveria pelo menos mais um livro – suspirei de alívio, irão haver mais dois, um lançado no país de origem em 2015 e o último, para meu desespero, só em 2018!
Decorreram quase quatro anos desde que havia lido O Homem Pintado até ler A Lança do Deserto, mas após este último, e tendo A Guerra Diurna já em minha posse, não foi preciso muito tempo para o chamamento me vencer e pegar nele. O final anterior tinha-me deixado algo ansiosa, e foi com aquele misto de respeito, cuidado e apreensão que acabei por abrir este terceiro volume. Fiquei logo surpreendida por o início não ser no enquadramento que esperava, mas para meu deleite este revelou-se de uma essência riquíssima, em que muitas perguntas que se foram acumulando ao longo da obra anterior se desvaneceram.
O centro desta narrativa inicial é Inevera e a sua família. Retrocedemos algumas décadas até à sua infância, onde conhecemos Soli, o seu bravo e guerreiro irmão, a sua mãe tecelã e o seu pai cobarde. Durante algumas dezenas de páginas, acompanhamos o crescimento de Inevera, a sua entrada no mundo de Everam e toda a perspectiva feminina do seu encontro com Jardir, que até agora só conhecíamos através dos olhos deste. Todo este voltar atrás, mostrou-se crucial para Inevera passar a ser uma personagem mais empática, em que o leitor vê-se confrontado com uma realidade que desconhecia e com a qual se poderá identificar.
São quase 800 páginas de pura adrenalina. Apesar destes flashbacks do passado de Inevera, o enredo continua a evoluir, Alagai Ka é cada vez mais uma realidade, e o confronto entre Arlen e Jardir vai-se revelando inevitável. Não podem existir dois libertadores – apenas um unificador terá o poder de enfrentar a noite e vencer a grande ameaça. Qual deles será? Tudo neste livro está amplificado – as emoções, as guerras, a intensidade das relações e, principalmente, o poder dos alagai. Já conhecíamos os miméticos e os demónios da mente, mas é em A Guerra Diurna que passamos a conhecer ainda melhor a realidade dos servos de Nie e de como a sua inteligência colocará a existência humana em risco.
Entre alianças imprevistas e outras resgatadas, a trama desenvolve-se num ritmo que oscila entre um teste à paciência do leitor ou então de tal forma abismal que fica difícil digerir tudo num instante. A evidência do poder feminino nesta cultura, também é algo que me tem agradado e que mostra uma outra face da batalha. Inevera, Leesha, Renna – só para nomear algumas – são personagens femininas que, mesmo tendo esse lado sensível e emocional que é característico nas mulheres, mostram uma capacidade de resolução e uma determinação férreas. Destemidas e prontas a assumir o controlo e sem medo de enfrentar qualquer perigo, são assim as mulheres desta saga. Mesmo nas suas diferenças, é fácil encontrarem algo comum – a sua força interior.
A escrita de Peter V. Brett é inexplicavelmente viciante, a sua capacidade de criar esta teia intrincada, coerente, sólida e consistente, não deixa de me fascinar. Um dos melhores escritores de Literatura Fantástica que já li e cujo trabalho quero continuar a seguir. É esperar que a 1001 Mundos mal possa, traduza o quinto!
Cara, vou te falar que tô viciado neste universo, pior que é quase 2016 e o brasil não tá nem vendendo o 3º livro, tô me roendo de ansiedade aqui na espera!!!
Olá Rodrigo!
Como te percebo! Já leste aquele livro das histórias passadas no mesmo universo? http://www.branmorrighan.com/2015/05/em-junho-pela-1001-mundos-o-grande.html
Eu vou ler nas férias para matar saudades!
Boas leituras,
Sofia