Alabardas, alabardas, Espingardas, espingardas
de José Saramago , Roberto Saviano , Fernando Gómez Aguilera ;
Ilustração: Günter Grass
Edição/reimpressão: 2014
Páginas: 136
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04695-6
Coleção: OBRAS DE JOSÉ SARAMAGO
«O último fôlego narrativo» de José Saramago
«Afinal, talvez ainda vá escrever outro livro. Uma velha preocupação minha (porquê nunca houve uma greve numa fábrica de armamento) deu pé a uma ideia complementar que, precisamente, permitirá o tratamento ficcional do tema.», escreveu José Saramago nas suas notas, em agosto de 2009. Esse livro, que ficaria por terminar, é Alabardas, alabardas, Espingardas, espingardas, que a Porto Editora publica a 23 de setembro. Com um título retirado de umatragicomédia de Gil Vicente, este romance inacabado, protagonizado por Artur Paz Semedo, é uma reflexão sobre a violência que põe em relevo a fragilidade humana e social face às atrocidades da guerra.
Para a edição portuguesa contribuíram as ilustrações de um outro Nobel da Literatura, Günter Grass, e dois textos: Fernando Gómez Aguilera comenta e situa este romance (o seu «último fôlego narrativo») no contexto da sua obra, e Roberto Saviano apresenta-nos uma inquietação sobre o papel do Homem face à violência, a partir da «orquestra de revelações» que é esta história de Saramago.
A apresentação mundial de Alabardas, alabardas, Espingardas, espingardas terá lugar na Sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II, no dia 2 de outubro, às 18:30, num ato que se pretende de afirmação contra a guerra e a barbárie. Com a participação do Professor António Sampaio da Nóvoa, do juiz Baltasar Garzón e do escritor Roberto Saviano, a sessão será moderada pela jornalista Anabela Mota Ribeiro e, no seu decorrer, serão projetadas as ilustrações de Günter Grass que integram o livro.
LIVRO
Aquando do seu falecimento, em 2010, José Saramago deixou escritas trinta páginas daquele que seria o seu próximo romance; trinta páginas onde estava já esboçado o fio argumental, perfilados os dois protagonistas e, sobretudo, colocadas as perguntas que interessavam à sua permanente e comprometida vocação de agitar consciências.
Saramago escreve a história de Artur Paz Semedo, um homem fascinado por peças de artilharia, empregado numa fábrica de armamento, que leva a cabo uma investigação na sua própria empresa, incitado pela ex-mulher, uma mulher com carácter, pacifista e inteligente. A evolução do pensamento do protagonista permite-nos refletir sobre o lado mais sujo da política internacional, um mundo de interesses ocultos que subjaz à maior parte dos conflitos bélicos do século xx.
Dois outros textos – de Fernando Gómez Aguilera e Roberto Saviano – situam e comentam as últimas palavras do Prémio Nobel português, cuja força as ilustrações de um outro Nobel, Günter Grass, sublinham.
AUTOR
José Saramago
Prémio Nobel de Literatura
1998
Autor de mais de 40 títulos, José Saramago nasceu em 1922, na aldeia de Azinhaga.
As noites passadas na biblioteca pública do Palácio Galveias, em Lisboa, foram fundamentais para a sua formação. «E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou.»
Em 1947 publicou o seu primeiro livro que intitulou A Viúva, mas que, por razões editoriais, viria a sair com o título de Terra do Pecado. Seis anos depois, em 1953, terminaria o romance Claraboia, publicado apenas após a sua morte.
No final dos anos 50 tornou-se responsável pela produção na Editorial Estúdios Cor, função que conjugaria com a de tradutor, a partir de 1955, e de crítico literário.
Regressa à escrita em 1966 com Os Poemas Possíveis.
Em 1971 assumiu funções de editorialista no Diário de Lisboa e em abril de 1975 é nomeado diretor-adjunto do Diário de Notícias.
No princípio de 1976 instala-se no Lavre para documentar o seu projeto de escrever sobre os camponeses sem terra. Assim nasceu o romance Levantado do Chão e o modo de narrar que caracteriza a sua ficção novelesca. Até 2010, ano da sua morte, a 18 de junho, em Lanzarote, José Saramago construiu uma obra incontornável na literatura portuguesa e universal, com títulos que vão de Memorial do Convento a Caim, passando por O Ano da Morte de Ricardo Reis, O Evangelho segundo Jesus Cristo, Ensaio sobre a Cegueira, Todos os Nomes ou A Viagem do Elefante, obras traduzidas em todo o mundo.
No ano de 2007 foi criada em Lisboa uma Fundação com o seu nome, que trabalha pela difusão da literatura, pela defesa dos direitos humanos e do meio ambiente, tomando como documento orientador a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Desde 2012 a Fundação José Saramago tem a sua sede na Casa dos Bicos, em Lisboa.
José Saramago recebeu o Prémio Camões em 1995 e o Prémio Nobel de Literatura em 1998.