Opinião: A Sorte que Move o Destino, de Matthew Quick

A Sorte que Move o Destino

Matthew Quick

Editora: Editorial Presença

Colecção: Grandes Narrativas #584

Sinopse: Durante 38 anos, Bartholomew Neil viveu com a mãe e para a mãe… até ao momento em que ela adoece gravemente e morre. Sem saber como irá continuar a viver sem ela, começa a procurar um novo rumo para a sua vida, e a primeira pista que lhe aparece surge justamente numa das gavetas da mãe – uma carta assinada por Richard Gere, o próprio. 

Acreditando piamente que o famoso ator está destinado a ajudá-lo, Bartholomew escreve-lhe uma série de cartas contando-lhe todos os pormenores da sua vida. E é assim que, na companhia de um grupo de amigos e do espírito de Gere, Bartholomew viaja até ao Canadá, numa demanda que se revelará pródiga em surpresas… 

Com humor e sabedoria de vida, A Sorte Que Move o Destino, o novo romance do autor de Guia Para um Final Feliz, fala-nos da vontade sincera de um homem inadaptado de construir o seu próprio projeto de vida.

Opinião: Guia Para Um Final Feliz tornou Matthew Quick numa espécie de estrela. Não li este livro, mas vi o filme e adorei. Quando saiu A Sorte que Move o Destino a minha curiosidade foi mais forte do que eu e com a parceria da Presença tive a oportunidade de o ler. À medida que fui percorrendo cada página vários sentimentos se foram apoderando de mim – desde incredulidade a fascínio, admiração a apreensão. Num formato diferente do que estamos habituados nos romances convencionais, A Sorte que Move o Destino apresenta-se como um conjunto de cartas escritas ao conhecido Richard Gere. 

Quando conhecemos Bartholomew Neil, não sabemos bem em que lugar estamos, onde é que caímos e como é que tudo se enquadra à nossa volta. Com o decorrer da narrativa percebemos que Bartholomew é um adulto que parece ter uma mentalidade infantil e cuja evolução é um deleite de se acompanhar. Não é uma estória corrida, estruturada, de personagens profundas e muito exploradas, mas antes uma espécie de álbum de fotografias ou de pequenos filmes em que apenas temos uma pessoa constante em todas as películas. 

Num mundo seu, em que Richard Gere é uma espécie de mentor, Bartholomew apoia-se em premissas simples para grandes observações. Existem frases simples que nos torcem por dentro, que nos reviram e até nos abanam completamente. Utilizando a ligação de Richard Gere a Dalai Lama e ao Budismo, o autor coloca na voz do protagonista todos os receios de quem se vê, de repente, desamparado, procurando uma âncora que o mantenha ligado a algo que faça sentido. 

A teoria da “sorte que move o destino” é um dos elementos fundamentais de toda a trama, é a fonte da esperança de que tudo fique bem. De forma humorística, mas também melancólica, Bartholomew tenta contrabalançar cada coisa má que lhe aconteceu e acontece com alguma muito boa que está ou irá acontecer. Com os seus objectivos de vida rumo à independência e à conquista do seu verdadeiro eu adulto, é impossível ficarmos indiferentes não só a Bartholomew como aos personagens que de alguma maneira o marcam e que por fim ficam com ele. 

A Sorte que Move o Destino é uma obra muito bonita, simples e complexa ao mesmo tempo, intensa, mas com um toque de humor único. A escrita é corrida e tem uma imagética bastante forte. A viagem ao Parlamento dos Gatos foi, sem dúvida, especial em todos os sentidos. Como disse anteriormente, não tem um formato que apaixone à primeira vista, não é um texto corrido e sequencial, mas nada fica a faltar e todas as peças se juntam no fim. Uma forma diferente de abordar temas como a diferença, a pobreza, crenças, amor, arrependimentos, dor de perder alguém, mas acima de tudo de sobrevivência. Gostei.

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2 Comentários
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Vanessa Tomás
Vanessa Tomás
7 anos atrás

Estou a ler esse livro no momento e estou a achar diversos factores muito interessantes… Gostei da sua abordagem… Vou ficar atento ao seu blog.

Morrighan
Morrighan
7 anos atrás

Olá olá :))

Muito obrigada! Beijinho e boas leituras!

  • Sobre

    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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