Manual
gerador de revistas
Episódio 3.1
“Que andas a fazer aqui?
Hoje não há teatro?”
Acabado de ouvir isto, da boca de um estranho com
excesso de peso, na rua onde ando a
escrever o espelho da revista#3, leva-me a pensar que algo está bem. Até muito
bem! Costumo dizer que me calhou na sorte ser o editor/director da revista
gerador, e que pouco fiz para que a sorte assim o decidisse. Tocou-me isto como
me poderia ter calhado outra coisa qualquer, mas como me calhou isto, decidi
avançar como se fosse na minha sina kármica a missão da minha vida.
Bora lá!
Aprendido o teatro da Rua dos Caetanos, vulgo
conservatório de teatro para os tradicionalistas como eu, avancei para esta
ideia de ser escritor de personagens. E esta de Exmo. Sr. Editor da Revista Gerador
é só mais uma. Mas uma das grandes, daquelas próximas daquele pathos
tchekovianos que nos levam a sentir o maior dos mundos ao nosso alcance sem nunca
realmente o podermos alcançar. Por isso temos de continuar a sonhar que podemos
mudar o mundo e que ele merece ser mudado.
Mas quem disse que o mundo quer ser mudado?
Pelo menos o mundo criativo, esse quer sempre ser
mudado. O mundo dos autores portugueses, daqueles comuns seres humanos que não
conseguem parar de ser criativos e fazer coisas à sua maneira, quando os outros
todos lhes dizem para fazer como sempre foi. Um cala-te e come à antiga, ou
melhor: um faz o que eu digo e não faças o que eu faço. Mas fazer o quê? O que
é isso de ser autor? O que é isso de ser artista? Querer responder a isso e muito
mais, aumentando a autoestima dos autores portugueses, dentro de 128 páginas de
uma revista trimestral, será possível?
É possível J
Não é possível L
É óbvio que sim e que não, e é por isso mesmo que
temos a obrigação de tentar.
Ps: Parece que será por aqui que irei, ao longo do
tempo que me deixarem, a expor o como se faz uma revista gerador (como se eu ou
vocês soubéssemos!?)
Pedro Saavedra
Artista e Editor Gerador