Opinião: O Monstro de Monsanto, de Pedro Jardim

O Monstro de Monsanto

Pedro Jardim

Editora: Esfera dos Livros

Sinopse: “Uma rapariga encontrada morta na floresta de Monsanto. Um delicado vestido azul a cobrir o corpo. O cabelo cuidadosamente penteado. Uma máscara de papel branco com um poema de Florbela Espanca sobre o rosto. É este o cenário que Isabel Lage, inspetora da Brigada de Homicídios da Polícia Judiciária, encontra no local do crime. A primeira vítima de um serial killer que não deixa pistas, que habilmente se move pela floresta e que parece conhecer todos os passos da polícia. Isabel está apostada em resolver este mistério e fazer justiça em nome das mulheres que morrem às mãos de um assassino frio e calculista. Mas todas as pistas levam a João, o seu antigo companheiro de patrulha, e com quem partilhou mais do que aventuras profissionais. Pedro Jardim, chefe de polícia com experiência em investigação criminal, traz-nos no seu romance de estreia um thriller empolgante e arrebatador que nos prende até à última página. Pode haver um monstro em qualquer um de nós…”

Opinião: Pedro Jardim, escritor já com várias obras infantis publicadas, vê agora o seu primeiro romance – thriller – publicado pela Esfera dos Livros. É através de O Monstro de Monsanto que conhecemos de perto a realidade de uma investigação policial intensa, num cenário que adivinha uma brutalidade e uma frieza que desafiam ao máximo qualquer tentativa de identificação de um suspeito. A primeira mira é bem apontada a João, um dos protagonistas que vê a sua carreira enquanto polícia a ser destruída após um acto irreflectido. Acto esse que desencadeia um processo de conflito interior que vai sendo exposto ao leitor com o passar da trama. Sobra Isabel, sua companheira e também amada, apesar de não declarada, para solucionar o caso e condenar ou ilibar João. 

Entramos na narrativa ao som imaginário de Florbela Espanca, poeta portuguesa calipolense, que acaba por dar o seu cunho de personalidade a toda a obra. Desde o início até perto do fim, o leitor encontra-se num limbo em que não sabe bem o que enfrenta. A nomenclatura vai-se cruzando em diferentes capítulos sem que tenhamos a certeza de que personagem é que estamos a encarar. Sendo narrado a várias vozes, acabamos por conhecer na perspectiva da primeira pessoa tanto a vida de Isabel como a de João. 

Gostei da forma como o suspense foi mantido até ao final e até do reverso da história. É curioso como com uma simples frase vários acontecimentos se encadeiam para fazer sentido no decorrer actual da acção, mas é como se a certa altura nos tirassem realmente uma venda dos olhos e pudéssemos ver tudo com mais clareza. Pedro Jardim é um escritor que tem várias armas, literalmente, ao seu dispor. É formado em Sociologia e chefe de polícia desde 2006 tendo também experiência em investigação criminal. Factos assumidos e consumados, O Monstro de Monsanto acaba por explorar de forma bastante credível tanto a psique dos personagens como também os cenários de intervenção policial. 

Pedro Jardim é um escritor com potencial, sem dúvida alguma, mas nesta sua estreia, senti a necessidade de alguma maturação em certos aspectos da narrativa e da estrutura da acção. Houve alguma demora até que nos fossem dadas novas pistas o que, por vezes, causou alguma sensação de cansaço e de repetição dos acontecimentos. Valeu também a exploração da dissociação de personalidade por parte da terapeuta para manter a curiosidade activa. Resumindo: tem todos os ingredientes para um bom livro, lê-se bastante bem, tenho a certeza que os próximos serão ainda melhores. 

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Pedro Jardim
Pedro Jardim
9 anos atrás

Obrigado, Sofia!
Bjs,
Pedro Jardim

  • Sobre

    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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