O Miguel Reis, mais conhecido como o tio mais famoso de Portugal e arredores – Tio Rex -, é um dos músicos que mais gostei de conhecer no primeiro ano de aventura do BranMorrighan no universo musical. Ele e a sua Marta Banza estiveram recentemente no aniversário do blogue no Maus Hábitos e achei que era uma boa altura para sabermos ainda mais sobre o Tio, agora no que toca mais especificamente ao que costuma ouvir e que sons nos gostaria de dar a conhecer. Outras coisas sobre o projecto Tio Rex podem ser lidas na entrevista, aqui: http://www.branmorrighan.com/2015/01/entrevista-tio-rex-miguel-reis-musico.html
Deixo também a ligação para o seu bandcamp: https://tiorex.bandcamp.com/
Obrigada, Miguel, pela partilha!
PLAYLIST DA QUINZENA POR TIO REX
PARA O BLOG BRAN MORRIGHAN
Nils Frahm – Said and Done
Tenho a sorte de ter um grupo de amigos com os quais me encontro com bastante regularidade e é costume, nos ‘hangs’ caseiros, termos bandas sonoras, a ambientar conversas ou jogos de poker, que vão de Allen Halloween, a sets de electrónica no Boiler Room ou mini concertos intimistas na KEXP. Numa dessas noites, um deles meteu a rolar um concerto de 50min de Nils Frahm no Route du Rock em 2011. Não sei se por ser a primeira do set, se simplesmente porque tem rasgo de génio, a Said and Done prendeu‐me logo e senti‐me instantaneamente seguro e em paz naquele ambiente. Desde esse dia tenho andado com a malha bastante presente. Obrigado Frank!
Jon Gomm – Passionflower
Se este senhor já merece todo o crédito pela sua técnica única, o que faz nesta malha, conjugando harmonias brutais, percussão na própria guitarra, e uma voz que encaixa que nem uma luva, mostra que desbravar mato numa indústria onde “já ninguém inventa nada” se prende mais com a abordagem à música não ser limitada por barreiras da teoria e da prática e com a genuinidade e sinceridade do que estás a transmitir.
Ryan O’Shaughnessy ‐ No Name
Apesar de considerar os programas/concursos da tv algo nefastos e que na maior parte dos casos são mais reality television que programas sobre e de música, há casos raros de pessoas que, à custa da exposição que o programa lhes proporciona, ganham o merecido espaço para partilhar a sua arte e mostrar o seu valor. Este puto é um desses casos. Chegou à primeira audição do Britain’s Got Talent em 2012 e, com este original, disparou uma das mais tocantes canções de amor que alguma vez ouvi. Na altura tinha 19 anos… E o mais engraçado é que aquilo é subtil ao ponto de ser folk a esconder pop, ou pop mascarado pela guitarra folk. Que props…
Aloe Blacc & Joel Van Dijk ‐ I Got The Blues
Neste que é a primeira versão desta lista, a incontornável Soul na voz do Aloe Blacc e os Blues da guitarra vibrante do Joel Van Dijk fazem deste original dos Stones um malhão que merecia começar a figurar nos livros de Clássicos dos Blues. Fazer tanto com “tão pouco” não é nada fácil.
Doc Watson ‐ The Lone Pilgrim e Deep River Blues
A Lone Pilgrim é um daqueles temas fortíssimos que, sendo cantado a cappella, tem sempre aquele poder quase de evocação aos deuses. Foca‐se na aceitação da Morte, que acaba por ser um tema que discuto bastante nos meus discos, e como tal é uma malha que me diz muito.
A Deep River Blues foi a última música que aprendi a tocar na guitarra, quase exclusivamente por causa da incrível técnica do Doc a tocá‐la. Dedilhados brutais que conjugam baixo, harmonias e percussão a materializarem aquele feeling bem bluesy, que hoje já raramente se ouve.
Carlos Varela – Una Palabra
Um dos mais relevantes poetas e músicos de intervenção do movimento cubano Nueva Trova, ainda que tenha só passado a incorporar o movimento a partir de 80, Carlos Varela escreveu Una Palavra, que é um daqueles temas que onde quer que o ouça e independentemente do estado de espírito em que me encontre, é capaz de fazer parar o tempo à minha volta e envolver-me na solidão da sua voz e nos raros acordes de guitarra que tem na canção. Conheci esta numa curta de 2001 chamada Powder Keg do Iñarritu (que já era mega boss muito antes do Birdman e tem as melhores trilhas sonoras da história do cinema ali a par com os filmes musicados pelo Morricone) e é a próxima versão que estou a desenvolver para tocar ao vivo nos concertos.
Chico Buarque – Geni e o Zepelim
Suponho que esta dispense apresentações. Na noite em que tocámos na Taverna da Arca D’Água em Setúbal, muito depois do concerto, ainda se falava de música e discutia-se, mais concretamente, o génio do Chico nas suas melodias e poemas. A dada altura, muito naturalmente, começaram-se a cantar temas dele a cappella e quando dei por mim tinha a Marta (Banza) e o seu antigo professor de piano Eduardo (Jordão) a cantarem a Geni, acompanhados à guitarra pelo João (Mota) de Um Corpo Estranho. Momento único nessa noite que me levou a, no dia seguinte, aprender a tocá-la também.
Manchester Orchestra – Escape (Pina Colada song)
Estão a ver o Bart Simpson a cantar aquela cena do “If you like refund adjustments and the music i make” naquele episódio em que no futuro a Lisa é Presidente dos EUA?? Pois bem, os Manchester Orchestra também pegaram no original do Rupert Holmes e fizeram uma versão genial de uma música que quase todos associamos a “galhofa” e fizeram dela um malhão altamente soothing. Se curtirem ouçam também o ultimo disco deles – COPE. Uma das melhores bandas de rock que aí anda, na minha opinião.
La Dispute – Said the King to the River
Peço desde já desculpa se alguém estiver a ouvir isto por ordem. Isto porque esta é um tanto ou quanto pesada. Desde os meus tempos de liceu que tive uma relação bem próxima com o peso, sendo que vários eram os fins de semana em que seguíamos as bandas de Setúbal (MTAT, OHS, HHE, etc.) pelas datas na nossa zona e até Lisboa e arredores. Desde então mantenho bandas como He is Legend, Blood Brothers, Protest the Hero e Johnny Truant como alguns dos meus projectos preferidos, que ainda hoje ouço com regularidade. La Dispute foi a última inclusão ao meu saco do gesso 😛 O Diogo Sousa, baterista em Tio Rex, Lydia’s Sleep, Surveillance e Savanna, mostrou-me o disco deles de 2008 Somewhere at the Bottom of the River Between Vega and Altair, e saquei dali algo que estava bastante presente em mewithoutYou, que é provavelmente a minha banda de rock preferida de todos os tempos. O spoken word. Aquele desespero patente num género de “poesia hardcore”. Agora estou viciado no disco e esse tema em questão é um dos que curto mais. Fica a sugestão para quem quiser algo um bocadito mais pesado.
[Disco] Mel Azul – Norberto Lobo
Seria injusto destacar só uma malha da vasta obra deste senhor e, ainda que o Fornalha esteja mais quentinho, este é o meu disco preferido do Norberto. Com alguns temas que me remetem para um dos meus guitarristas de eleição – John Fahey – e outros que simplesmente vivem num universo que associo directamente ao Norberto, Mel Azul é um disco fundamental no espólio da música Portuguesa (ponto).
[Disco] Benji de Sun Kil Moon e [Disco] Salad Days de Mac DeMarco
Os meus 2 lançamentos preferidos de 2014. É ouvir que nada do que eu diga vai fazer jus a estes discos.