O mês de Abril começa com o dia mais quente desta semana, mas também com uma playlist de alguém que gosto muito e que tive a oportunidade de conhecer quando me cruzei com os O Abominável. Na verdade todo o grupo é excelente e hei-de convidá-los a participarem nesta rubrica também, mas calhou um dia trocar algumas impressões com o Vítor e ele mostrar-me uma playlist sua no Spotify que guardei logo. Cruzava tantos estilos que acabei a conhecer coisas novas e achei que fazia todo o sentido convidá-lo para esta rubrica. Se nunca tiveram a oportunidade de ver O Abominável, por agora eles estão inactivos, mas não podia terminar este post sem referenciar o frontman/vocalista extraordinário que o Vítor é. Uma pessoa cheia de energia, com um mundo inteiro por mostrar e que por isso só poderia vir aqui parar. Obrigada, Vítor.
1 – Mysteries – Newly Thrown (New Age Music is Here, 2014)
Descobri os Mysteries há pouco tempo através de um videoclip com um conceito invulgar realizado pelo Kris Moyes, e como uma coisa leva à outra, fiquei imediatamente intrigado com o seu primeiro registo “New Age Music is Here”.
O burburinho desta banda começa pelo facto de serem completamente anónimos, inclusive para a sua editora “Felte Label”, especula-se que a mesma os agenciou a partir do momento em que estes deixaram uma Demo à sua porta. Aparentemente o objectivo deste anonimato nasce da vontade de não quererem que a atenção de o seu possível público vá mais além do que a música que fazem, conceito esse com o qual me consigo identificar e talvez por isso não ter conseguido ficar indiferente depois de confrontado com este novo trio.
2 – How to Destroy Angels – Ice Age (Welcome Oblivion, 2013)
Gosto desta canção por se destacar do registo usual do Welcome Oblivion, uma pérola no meio de uma experiência musical que só uma pessoa como Trent Reznor poderia conceber.
Todo o álbum é bastante enigmático e intrínseco.
3 – Viet Cong – Continental Shelf (Viet Cong, 2014/2015)
Agrada-me que o Post-Punk ainda consiga sofrer mutações em pleno Século XXI e os Viet Cong são um exemplo perfeito disso.
Para quem gostar do género, o álbum homónimo e por consequente o primeiro da banda está cheio de contrastes e melodias muito interessantes, acaba por ser um processo experimental por cima do registo mais “negro” e cru a que o Post-Punk já nos habituou.
4 – Radiohead – Feral (King of the Limbs, 2011)
Deve ser difícil qualificar exactamente o impacto que Radiohead teve no nicho, seio e indústria musical, mas para quem conhece a banda minimamente sabe que ela foi uma espécie de viragem do jogo e uma inspiração para muitos músicos.
Não obstante o que mais me cativa neles é que a banda foi-se tornando gradualmente na epítome sonora de como jogar com a Música “Acústica” e electrónica e construir assim composições pertinentes e interessantes, jogo esse que tem vindo a ser aprimorado e que na minha opinião, foi eximiamente eficaz no último registo da banda até a data.
Esperemos que 2015 ainda seja o ano de um novo lançamento.
5 – Zazen Boys – Ghost of a Cyborg (Stories, 2012)
Acho bastante piada que o Math Rock seja uma espécie de música Pop no Japão, País este pelo qual tenho um enorme fascínio em muitos aspectos, a música é um deles.
Zazen Boys são da Capital, Tokyo, e são bem mais que “Math Rock”, são também uma espécie de “Math-Funk”(?), se o mesmo existir.
Um grupo de músicos incríveis com seis álbuns desde 2004 até ao presente com a maioria dos temas cantados na sua língua materna, o que não deixa de ser extremamente interessante como uma experiência sonora imersa em ritmos ousados.
6 – Kendrick Lamar – Complexion (A Zulu Love), (To Pimp a Butterfly, 2015)
Conheço o básico do Hip-Hop, conheço o movimento na sua forma histórica e muitas das suas figuras através de Registos visuais e escritos, no entanto, já vi alguns dos “grandes” ao vivo mas não me considero uma pessoa que vive dentro do espectro do Hip-Hop, considero-me sim, um apreciador de algumas situações.
Kendrick Lamar (que por acaso também já vi ao vivo e será para mim um dos grandes), recebi-o talvez de forma tão fervorosa como qualquer outra banda ou artista que me apanhasse desprevenido e me agarrasse no momento. Encontrei-o nas ruas do seu Good Kid, M.A.A.D City de 2012, principal motivo que me levou a querer vê-lo ao vivo, mas confesso que o seu ultimo registo, “To Pimp a Butterfly”, é para mim uma obra de arte na arte de transmitir uma mensagem e conceito dentro de um estilo. Não serei a melhor pessoa para definir a importância ou relevo disto no seio do Hip-Hop, mas como obra musical é para mim um dos álbuns de referência do ano de 2015 até a data.
7 – Sonic Youth – Disconnection Notice (Murray Street, 2002)
Preciso de ressalvar que sou fã da discografia inteira de Sonic Youth e que por consequente não há nenhum álbum que não goste pelos suas diferenças ou falta delas, mas neste caso em particular saliento a minha afeição especial pelo Murray Street. Este conta pela primeira vez na história da banda com a junção de um 5º elemento para a gravação do mesmo em estúdio e não é nada mais nada menos que Jim O’ Rourke, um músico que gosto bastante.
Escolhi a Disconnection Notice simplesmente porque é uma das minhas faixas favoritas da banda, e porque me traz uma certa nostalgia especialmente na parte da ponte de guitarra do min 1.50, que por algum motivo me faz lembrar o canal People & Arts, canal esse que via com alguma assiduidade há alguns anos atrás. (Risos)
8 – King Krule – Out Getting Ribs (6 Feet Beneath The Moon, 2013)
Archy Marshall, também conhecido como Zoo Kid, Edgar the Beatmaker ou mais celebrizado como King Krule, é um rapaz que lançou o seu primeiro álbum aos 19 anos, e é incrível que uma pessoa tão jovem contenha todos os seus talentos orientados e de certa forma, vincados.
“Out Getting Ribs” é uma música que fez com 16 anos, captada e mistura no seu quarto, e talvez a prova definitiva da minha análise anterior.
9 – Tinariwen – Arhegh Danagh (Emmaar, 2014)
Filhos do Sahara, a norte do Mali, Tinariwen é para mim uma experiência completamente espiritual, a qualidade que mais persigo quando oiço World Music, um estado de espírito que seja longínquo da minha zona de conforto mas que me faça sentir numa espécie de lar ou nostalgia possível e equivalente, como se esse lado que nunca existiu na minha realidade pudesse ser puxado de mim para fora.
É uma banda que existe desde 1979, com uma rotatividade significativa de membros, mas que nunca perdeu o rasto a sua premissa e a sua mensagem.
10 – José Gonzalez – What Will (Vestiges and Claws, 2015)
Também a espiritualidade e a mensagem no caso de José Gonzalez são os principais motivos que me fazem acompanha-lo de perto.
É um Artista fiel ao seu canto, mestre de Covers e Originais, com uma discografia muito especial e com um poder de transportar todas as pessoas que se prestem numa viagem de reflexão intensa.
11 – Mojave 3 – In Love With a View (Excuses for Travellers, 2000)
Um clássico discográfico na minha opinião e um dos discos que ao lado de Tiger Milk dos Belle & Sebastian me dá mais gozo ouvir na varanda em dias de sol.