Opinião: A Quimera de Praga (Entre Mundos #1), de Laini Taylor

A Quimera de Praga (Entre Mundos #1)
Laini Taylor

Editora: Porto Editora

Opinião: Ao longos dos últimos seis anos, desde que tenho o blogue, muitas têm sido as conversas trocadas sobre os vários géneros literários. Ainda no outro dia um amigo meu comentava comigo que não conseguia ler o género fantástico por se basear em coisas que não são reais, daí preferir o género histórico ou biografias. Da minha parte está mais do que visto que este é um género que aprecio, juntamente com vários outros. O que o fantástico acaba por dar que os outros não dão é a possibilidade de imaginarmos novos mundos, novas capacidades, novos alcances.

Quando iniciamos um livro de fantasia podemos descansar a cabeça das preocupações do quotidiano e mesmo o paralelo que existe sempre com vários factores reais (como as emoções ou certas acções) acaba por ter um outro peso em nós. Ainda assim, dentro do género fantástico existe mesmo muito por onde pegar e alguns temas são mais atractivos que outros. Fiquei muito curiosa com tudo o que ouvi falar sobre A Quimera de Praga, mas também fiquei cautelosa – os anjos não são o meu tema preferido, principalmente porque tirando as séries da Cassandra Claire pouco mais li que me tivesse entusiasmado. 

Tanto o fascínio como alguma apreensão tiveram lugar ao longo da leitura. Adorei a forma como Laini Taylor foi descrevendo os diversos cenários, principalmente Praga, tornando a narrativa extremamente cinematográfica. A obra começa com o quotidiano da protagonista Karou e página a página vão-nos sendo revelados mais aspectos da sua vida, mas também o mistério sobre a sua origem vai crescendo. Brimstone é-nos apresentado e é sobre ele que recai grande parte do nosso pensamento.

Karou tem a capacidade de viajar entre mundos, utilizando portais para se deslocar a várias zonas da Terra, sempre em missão para o demónio, que é um dos mais poderosos das quimeras. E enquanto avançamos pelo que já foi e pelo que é agora Karou, uma personagem feminina que mostra ter carácter e grande força, a leitura faz cada vez mais sentido e conseguimos sentir que algo de muito perigoso se aproxima. 

O problema é quando, a certa altura, sentimos que a escritora parece querer dar um destaque maior ao romance amoroso entre Karou e Akiva, o anjo. Achei um tanto previsível o desenrolar dos acontecimentos, apesar de estarem muito bem desenvolvidos e até cativantes, mas depois parece que o foco se perdeu ali pelo meio. No meio da luta entre as Quimeras e os Anjos, o papel de Brimstone parece perder-se e mesmo o final deixou-me como que suspensa. Ainda assim este livro foi lido em dois ou três dias, o que com o meu ritmo de trabalho quer dizer que se leu bastante bem! 

Estou muito curiosa com o rumo que Laini Taylor vai dar ao seu enredo. Não duvido da sua capacidade de escrita, a autora sobre criar um mundo bem estruturado, com belíssimas paisagens e enigmas suficientes para deixar o leitor curioso. Quando a fórmula do romance entre “o bem e o mal” já começa a estar gastar há que conseguir dar a volta com uma boa dose de acção e coragem e em parte penso que isso foi conseguido.

Uma nota que merece ser deixada é que provavelmente um público mais adolescente poderá ficar extremamente fascinado e apaixonado pelas impossibilidades e a luta contra as mesmas. Apenas quando crescemos, (in)felizmente, vamos precisando de um pouco mais. Mas cá estarei para ler os próximos pois ainda assim foi uma leitura que me conseguiu “tirar deste mundo” durante uns bons momentos! 

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3 Comentários
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Carla
Carla
9 anos atrás

Olá Morrighan
Já há muito tempo que esta trilogia me chama a atenção, já estive com o livro muitas vezes na mão mas tenho sempre o receio de não gostar.
Adorei a tua opinião mas gostei da parte que referes que a escritora colocou romance, foi o que me despertou para vir a ler esta trilogia;)
Beijinhos e boas leituras;)

Morrighan
Morrighan
9 anos atrás

Olá Carla, em termos de romance o livro tem sido muito bem criticado. As cenas são muito bonitas, a sério que sim, mas num universo com tantos elementos o que senti foi que a certa altura se perdeu algum foco 🙂

Grande beijinho e boas leituras!

Gaah Indicatti
Gaah Indicatti
8 anos atrás

Oie!
Gostaria de saber se "A quimera de praga" é apenas outra versão (mais nova ou mais antiga) de Feita de Fumaça e Osso.
Li a trilogia do Feita de Fumaça e Osso, porém no final ficou um ponto de interrogação enorme sobre o que aconteceria depois (quando o foco deixa de ser a guerra entre Serafins e Quimeras, e sim a união deles contra o que eu definiria de "monstros"… [Monstros… palavra estranha de se usar quando de um lado são seres misturados e feios :O].

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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