“O amor é fodido. Hei-de acreditar sempre nisto. Onde quer que haja amor, ele acabará, mais tarde ou mais cedo, por ser fodido.
É melhor do que morrer. Há coisas, como o álcool e os livros, que continuam boas. A morte é mais aborrecida.
Por que é que podemos o amor? Porque não resistimos. É do mal que nos faz. Parece estar mesmo a pedir. De resto, ninguém suporta viver um amor que não esteja pelo menos parcialmente fodido. Tem de haver escombros. Tem de haver esperança. Tem de haver progresso para pior e desejo de regresso a um tempo mais feliz. Um amor só um bocado fodido pode ser a coisa mais bonita deste mundo.”
Miguel Esteves Cardoso, O Amor é Fodido
Custa-me abandonar um livro e raramente o faço, mas com este teve mesmo que ser. Não passa de um rant com personagens detestáveis que não conseguem mudar de assunto.
A escrita não se limita a ser amadora; é francamente má, sem ritmo nem assunto.
A versão que li tem um prefácio da MEC em que este refere que só publicou o livro de forma a ter algo publicado antes de fazer 40 anos de idade o que me leva a concluir que até o autor reconhece a fraqueza desta sua obra. Só vendeu porque tem um título provocativo.
Olá Joel,
Eu vou sensivelmente a meio da leitura e não a vou largar. Não que ache o livro genial, não acho, acho até bastante medíocre, mas porque também espelha a mediocridade de certas relações. Acho que não existe uma intenção de ser uma grande obra, mas antes mostrar algumas obsessões, alguns podres, o quão doentias podem ser as relações – ciclos viciosos sem sentido nenhum.
Publiquei este excerto não porque me reveja nele, mas porque assisto a muitos relacionamentos que se baseiam num toma lá dá cá frenético e pouco saudável. Não sei, eu interesso-me por estes temas e ao ler este livro nem me parece que esteja a ler um romance, mas antes um diário. Algo do género.
Na minha opinião, o tema das relações abusivas pode ser abordado com muito menos auto-depreciação. A aplicação das emoções à acção em vez de ao discurso dão sempre um retrato mais realista sobre a relação. O clássico Lolita e os mais recentes Gone Girl e 11/22/63, retratam relações abusivas de forma mais envolvente para o leitor precisamente por isso. Lemos os actos e não as palavras de apenas um dos lados da relação.
Verdade, sim. E se gostaste do Gone Girl por esse aspecto, também tens A Rapariga no Comboio, não sei se já leste.
De qualquer maneira sou teimosa com as leituras, vou ler este até ao fim.