Opinião: Os Números que Venceram os Nome, de Samuel Pimenta

Os Números que Venceram os Nomes

Samuel Pimenta

Editora: Marcador

Sinopse: Em Os Números Que Venceram os Nomes, Samuel Pimenta consegue, com uma destreza literária que nos prende do início ao fim, contar uma história empolgante, que, embora passando-se num futuro imaginário, questiona muitos dos problemas das sociedades contemporâneas – a substituição estéril de um mundo espiritual por uma realidade puramente material.

Num futuro distante, comprovada matematicamente a existência de Deus, os homens são obrigados a trocar os seus nomes por números. Ergue-se uma ditadura global, em que todos são controlados e descaracterizados, uma sociedade de uma única religião, em que os algarismos definem tudo – pessoas, países, ruas, animais -, em detrimento da essência de cada um.

Opinião: Existem livros que nos ficam na memória durante muito, muito tempo. Mesmo tendo terminado este livro há umas boas semanas, mantenho aquele burburinho na minha cabeça, como que a actuar em background, alertando-me para os lugares comuns em que posso cair. Penso que é esse o maior poder de Os Números que Venceram os Nomes – o causar um tal impacto que receamos transformar-nos em autómatos seguidores de massas e tendências, dando tudo como certo, aceitando tudo sem questionar, sem nunca levantar a dúvida ou ousar pensar diferente. 

É uma obra pequena, que se lê num fôlego e em poucas horas, porém enorme no significado, na (re)descoberta interior das nossas motivações e convicções. O mundo distópico que nos é apresentado arrepia, revolve as entranhas e assusta por não ser tão difícil assim imaginar um futuro onde estamos despersonalizados, onde não passamos de marionetas. Imaginam um mundo onde a poesia, a música, a arte em geral não significa nada? O mais alarmante é o quão redutora se torna a existência, a experiência humana enquanto ser vivo. Um Nove Um Seis, o protagonista desta obra, é quem nos dá a mão no romper entre o sonho e a loucura, a dúvida e a determinação, o bater com o pé contra tudo aquilo que nos é imposto e induzido. A escrita do Samuel, mesmo em prosa, consegue ser poética, bela e aterradora ao mesmo tempo. Em tão tenra idade, já tanta maturidade.

Confesso que me causa algum espanto não ouvir falar mais sobre este livro do que tenho ouvido. Talvez por isso esta opinião também chegue umas boas semanas mais tarde do que o término na leitura, que foi aquando da sua publicação, em Setembro. É necessário manter estas obras vivas, o nome na memória e nos olhos das pessoas. Conheço o Samuel Pimenta quase há tanto tempo como o que tenho o blogue, já lá vão pelo menos cinco anos, e conheço poucas pessoas tão conscientes e sensíveis às fragilidades do ser humano. Em harmonia, é também das pessoas mais corajosas e lutadoras. Este livro reflecte muito da sua personalidade, da sua ousadia e da não conformação com a estagnação. Está mais do que recomendado. Que escreva muito mais obras, é o que posso desejar!

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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