Olá, cá estou eu novamente depois de na semana passada não vos ter podido escrever por motivos de saúde. Ainda pedi à Sofia para vos avisar, mas ela não fez nada disso e por vingança ainda adiou a sua rúbrica no Frequência Cardíaca. Só para vocês terem uma pequena noção de como ela me trata.
(é nesta parte que eu me intrometo e digo que é mentira)
Hoje vou falar sobre o NOS Primavera Sound, festival que se realiza no Parque da Cidade do Porto e do qual na semana passada ficámos a conhecer o magnífico line up para este ano. O Primavera Sound é um dos maiores, se não o maior festival de música alternativa do mundo, uma espécie de Mecca indie que se realiza desde 2001 na cidade espanhola Barcelona. Em 2012 recebíamos a notícia de que Portugal tinha sido o país eleito para receber uma versão reduzida do Primavera Sound.
Para quem gosta de música receber essa notícia provocou provavelmente a mesma sensação de ganhar o Euromilhões. Tínhamos então a garantia de ter a melhor música feita no passado, presente e ainda a antecipação do futuro, e a juntar a isso o espaço idílico do Parque da Cidade do Porto. Em apenas quatro anos o NOS Primavera Sound tornou-se uma marca importante para o turismo do Porto pela quantidade de melómanos que atrai vindos de vários países. Por essa altura o Porto esgota praticamente a sua lotação hoteleira. Não o vamos negar, o Primavera Sound é um festival elitista, primeiramente porque o seu público é bastante exigente quanto ao cartaz e depois porque não é um festival típico de Verão onde se pode acampar e confeccionar os seus alimentos numa botija campingaz. É, portanto, um festival relativamente caro e se isso por um lado pode ser uma condicionante para quem não tem tanta disponibilidade financeira, por outro afasta aquelas pessoas que vão pelo convívio, para levar uma mala cheia de brindes e perturbar quem lá está para assistir aos concertos. Até nisso o Primavera é um festival diferente, a sua comunicação é diferente da de outros festivais, não há gritarias nem distracções. Ali só há um interesse: a música.
Todos os festivais são feitos para quem gosta de música, mas o Primavera é feito por pessoas que amam a música para pessoas que amam a música e isso sente-se em cada cartaz, em cada edição e na maneira como é preparada toda a logística do festival. É certo que quando olhamos para o cartaz de Espanha em comparação com o nosso poderá haver uma sensação de parente pobre e no fundo é um pouco isso que acontece. O orçamento do NOS Primavera Sound é mais reduzido, mas não é por isso que o festival deixa de ter um dos cartazes mais empolgantes em Portugal, como se comprova mais uma vez este ano. Eu, que não sou dado a religiosidades, todos os dias agradeço pela sorte que temos em ter o festival em Portugal e para que continue por muitos e bons anos. Em Junho voltaremos a ser felizes!
João Pedrosa