Talvez seja esse o motivo pelo qual só consigo expressar as minhas emoções e sentir-me confortável na escrita, na galeria e em palco. Era aí que tinha a possibilidade de exibir a minha sexualidade, raiva, falta de preocupação acerca daquilo que as pessoas possam pensar acerca de mim. A imagem que muita gente tem de mim, uma pessoa desligada, fria ou distante, é uma personagem que surgiu depois de anos de provocação diária por causa de uma qualquer emoção que exprimisse. Enquanto jovem, nunca houve um sítio positivo onde pudesse ter atenção. A arte, e o ato de fazer arte, foi o único espaço que pude reclamar como meu, onde podia ser quem quisesse e fazer o que quisesse, onde, bastando-me apenas usar a minha cabeça e as minhas mãos, podia chorar, rir ou ficar furiosa.
Kim Gordon, A Miúda da Banda