Opinião: O Projeto Rosie, de Graeme Simsion

O Projeto Rosie

Graeme Simsion

Editora: Editorial Presença

Sinopse: Don Tillman decide que está na hora de casar. Só falta escolher a mulher perfeita. Don é um professor de Genética brilhante mas, por ser pouco sociável, considera que a forma mais simples de encontrar uma companheira consiste em elaborar um questionário. Cria o algoritmo perfeito que permite excluir as candidatas inapropriadas e, assim, evitar incidentes como os que viveu no passado.

Rosie Jarman, apesar de bonita e inteligente, tem todas as características que Don desaprova e é desqualificada de imediato. No entanto, Rosie procura Don por outros motivos e este aceita ajudá-la. Divertido e comovente, O Projeto Rosie demonstra que o amor desafia toda a racionalidade.

OPINIÃO: A primeira coisa que me ocorre quando penso neste livro é que quero emprestá-lo e oferecê-lo a uma série de pessoas. Não sou muito dada a livros com o rótulo de fenómeno editorial, mas a verdade é que o Don conquistou-me da primeira à última letra. E isto não tem nada a ver com algoritmos ou com o romance em si, mas muito com todo o processo evolutivo do personagem. Honestamente, até acho a sinopse muito redutora, o que acabou por fazer com que a surpresa fosse ainda maior. Uma coisa é certa, no que toca às capacidades cognitivas e sociais humanas, este livro consegue demonstrar que cada ser humano é realmente um espécime único e que, mesmo contra todas as probabilidades, existe sempre a possibilidade de entendimento, a vários níveis, se assim houver abertura e vontade de compreender.

Don só mais tarde se apercebe, mas todo o seu comportamento social roça o síndrome de Asperger. Tem tabelas para tudo e mais alguma coisa, as refeições semanais são fixas, os vendedores do mercado mal o vêem sabem o que lhe têm que vender dado o dia que é – “Lagosta à Terça-feira”, por exemplo – e é completamente obcecado com horários. Todas as suas actividades estão alocadas com a precisão de minutos e um pequeno distúrbio nestes costumes pode ter consequências pesadas, como sobrecargas cognitivas e emocionais com as quais ele tem dificuldade em lidar. Agora, imaginem uma mulher, descontraída e sem regras aparentes, entrar na vida de alguém assim. A convidar-se para jantar em cada dele, e ele que tem na dispensa apenas os ingredientes e as quantidades necessárias para a refeição diária!, a desafiá-lo a ver o mundo com outros olhos. Se ao início ela lhe dizia que a vista da varanda dele era espectacular e ele insinuava que era a mesma de sempre e que o ser humano está programado para ignorar o que é constante, bastou um desvio num horário para ele ser aperceber de como as luzes eram diferentes, ou o movimento nas ruas. Pormenores. O Projeto Rosie é um livro de pequenos pormenores deliciosos. De superação, de uma visão dupla sobre as mesmas circunstâncias. Sobre o que é supostamente aceitável e sobre como mentes mais lógicas têm de lutar para se encaixar. 

Temos ainda Gene e Cláudia, duas personagens secundárias, mas que muito contribuem para o crescimento emocional de Don. Também eles acabam por ter a sua história e por contribuir com uma bonita lição. Rosie… Não falei muito de Rosie porque acho que ela desempenha o papel que tem de tinha de desempenhar para permitir a ascensão de Don. A forma como ela o obriga a sair da sua zona de conforto é com a dose certa de entusiasmo. Tem personalidade suficiente para que ele se aperceba dos seus erros e fá-lo reflectir bastante. E depois há o sentido oposto. Se por um lado ela tenta tratá-lo de maneira igual, que é diferente do que todos os outros fazem, por outro chega a um ponto que não consegue compreender a (suposta) falta de empatia. Mas compensa. O desfecho é muito bonito. Claro que estou aqui a omitir o Projeto Pai, entre tantas outras coisas, mas digo-vos: façam o favor de se divertirem a ler este livro tanto quanto eu me enterneci. Gostei mesmo muito e, claro, recomendo! 

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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