Talvez a sensação de imortalidade que sentimos quando amamos seja uma intuição do nosso triunfo orgânico; ou talvez seja seja apenas um truque genético de espécie, para nos induzir ao sexo e, portanto, à paternidade (os genes, coitadinhos, ainda não sabem nada sobre preservativos e pílulas). Depois, os humanos, com essa habilidade tão nossa para complicar tudo, convertem a pulsão elementar de sobrevivência no delírio da paixão. E a paixão geralmente não gera filhos, mas monstros imaginários. Ou, o que é a mesma coisa, imaginações monstruosas.
Rosa Montero, A Louca da Casa