trans(atlântico)
tenho passado os dias a cantarolar
as canções que conheces de cor
de sotaque açucarado
sentindo que atravesso o oceano
mesmo sem colocar os pés na água.
passo os dias a riscar esses mesmos dias no calendário
com aquele sol de inverno a ecoar nas colunas do rádio
e com aquela sombra a espreitar a ver se fazemos tudo certo.
escuta só,
tenho ali um veleiro à nossa espera.
e, tal como canta Amarante,
“Saudade, eu te matei de fome. E tarde, eu te enterrei com a mágoa”.
volta a agarrar o meu braço de novo
e voarei contigo.
para o Edu
Ana Cláudia Silva