Quando Éramos Mentirosos
E. Lockhart
Editora: Edições ASA
Sinopse: E se alguém lhe perguntar como acabar este livro… MINTA.
A família Sinclair parece perfeita. Ninguém falha, levanta a voz ou cai no ridículo. Os Sinclair são atléticos, atraentes e felizes. A sua fortuna é antiga. Os seus verões são passados numa ilha privada, onde se reúnem todos os anos sem exceção. É sob o encantamento da ilha que Cadence, a mais jovem herdeira da fortuna familiar, comete um erro: apaixona-se desesperadamente. Cadence é brilhante, mas secretamente frágil e atormentada. Gat é determinado, mas abertamente impetuoso e inconveniente. A relação de ambos põe em causa as rígidas normas do clã. E isso simplesmente não pode acontecer. Os Sinclair parecem ter tudo. E têm, de facto. Têm segredos. Escondem tragédias. Vivem mentiras. E a maior de todas as mentiras é tão intolerável que não pode ser revelada. Nem mesmo a si.
OPINIÃO: Aqui está um livro que li em dois vôos. Quando Éramos Mentirosos foi a leitura que escolhi nesta minha última aventura na Finlândia e mostrou-se à altura. Mal dei pelos vôos passarem. O livro foi-me emprestado e aconselhado pela Joana, do As Histórias de Elphaba (visitem, visitem, que o blogue dela é lindo! Ok, sim, somos amigas, mas não interessa, a forma como ela escreve é sempre inspiradora), que me disse que, na sua opinião, era um dos melhores livro na categoria Jovem-Adulto que já tinha lido. Confesso que depois de A Culpa é das Estrelas – que devorei, adorei e a minha alma chorei – tudo o que lhe possa ser comparado provoca sempre em mim alguma apreensão. Claro que depois me lembro que entretanto também cresci, também me tornei um pouco mais insensível (eu bem tento manter a adolescente em mim viva, mas às vezes a vida não deixa), e isso tem influenciado a forma como tenho sentido os livros para esta faixa etária. Ultimamente leio coisas mais “estranhas”, mais violentas, mas dei por mim embalada pela história da família Sinclair.
Não vou dizer que é dos melhores livros que já li, porém não posso não reconhecer que a estrutura da narrativa está extremamente bem montada. Para quem já leu, talvez concordem comigo que aquele final, a forma como de repente parecemos ser colocados de pernas para o ar, foi repentino, forte e inesperado. Pelo menos para mim. A realidade da família Sinclair não é algo que me diga muito, apesar de acreditar que existem demasiadas famílias com dinâmicas tão pouco saudáveis e tão corrosivas como esta. O romance romântico em si, desperta curiosidade, mas por vezes tive aquela sensação de pairar por cima dele em vez de estar completamente mergulhada nas emoções dos protagonistas. Não me admira, portanto, que haja opiniões que variam entre os extremos de a terem adorado ou detestado. Na minha opinião, Quando Éramos Mentirosos tem ingredientes muito bons como mistério, tragédia, paixão, drama familiar e o sentimento de haver um segredo maior do que nós, que até perto do fim não conseguimos perceber o que é. Peca, por vezes, pela falta de algum aprofundamento, de mais intensidade, sendo que a própria escrita é, talvez, leve demais para o que se tenta transmitir. Reforço, acho que o ponto forte do livro é a estrutura da história. Para quem quiser uma leitura algo leve, com uma boa dose de surpresa, para meia dúzia de horas, com os tais ingredientes que já mencionei, penso que esta pode ser uma leitura bastante satisfatória.