Quando Edgar Froese morreu, em Janeiro de 2015, levou também consigo boa parte do espírito criativo dos Tangerine Dream, que fundou quase cinquenta anos antes na sua nativa Alemanha, à procura de uma música que não fosse similar aos ecos rock n’ roll que vinham dos Estados Unidos e que pudesse ser tão clássica quanto os grandes compositores da Europa.
Nascia então uma das bandas mais importantes da música electrónica do séc. XX, que influenciou tantos e tantos nomes que posteriormente influenciaram outros tantos nomes, que deu praticamente origem àquele género a que chamamos trance (basta ouvir Phaedra, editado em 1974, caso não acreditem).
Dois anos e meio após a morte de Froese, os Tangerine Dream continuam activos. E dois anos e meio parece ser uma distância temporal suficiente para poder afirmar, sem medo de ofender ou sem que alguém me acuse de sem um abutre, que os Tangerine Dream deram, sem exageros, um dos piores cinco concertos que já vi em toda a minha vida.
A banda, cuja música continuo a adorar, veio até Lisboa no ido ano de 2010, para apresentar sabe quem o quê, traduzindo esse quê em três longas horas de rock progressivo azeiteiro (nem sequer era rock progressivo, o bom!) e deixando a electrónica para outros campos mais perdidos no tempo. Se bem me lembro até trouxeram uma vocalista. Uma vocalista, valha-me a santa.
Os Tangerine Dream, portanto, passaram a figurar numa lista que também inclui: os Biffy Clyro, em Paredes de Coura 2008; os Klaxons, no Super Bock Super Rock 2007; os Tara Perdida, no “mítico” Rock One em Portimão, em 2009; e uma banda absurda cujo nome felizmente esqueci mas que fez a primeira parte da Zola Jesus no Musicbox há uns tempos. Não devia ser orgulho para uma banda que emitiu clássicos como Atem. Mas aconteceu.
Paulo André Cecílio