Tudo é melhor no Porto
Isto hoje até parece uma frase batida, mas continua tão verdadeira quanto o era desde que há uns curtos anos eu decidi dizê-la alto e bom som para quem a quisesse ouvir: Tudo é melhor no Porto. Sim, é certo que o facto de provir de boas famílias futebolísticas ajudou a cimentar o meu amor pela cidade. Mas a música, as saídas, as pessoas também contribuíram em larga escala para que, todos os dias, eu passasse a sonhar em mudar-me para a mais bela das cidades mundiais e quem sabe europeias (alguém me arranje um emprego, s.f.f.).
O Porto, cidade, esteve sempre presente; por ali se passava rumo a Ponte de Lima para as férias tradicionais de Páscoa, por ali se ficou durante outros tantos verões, ali se viu uns quantos jogos em família. Concertos, esses, só a partir de 2010 – altura em que começa a existir tempo e dinheiro e vontade de partir sozinho à descoberta. O local, a Casa da Música. O artista, era dois: o mago da guitarra surf, Dick Dale, e os punks originais, os The Sonics (e até houve tempo para, depois, apanhar os YACHT numa outra sala, sendo que já praticamente ninguém se lembra dos YACHT e isso não é necessariamente uma coisa má).
Não me recordo exactamente que meio de transporte apanhei para chegar até ao Porto, mas lembro-me de que fiquei bastantes horas depois dos concertos à espera de voltar para baixo. Tudo em nome, evidentemente, do rock n’ roll. Porque Dick Dale era – e é – o homem que pôs toda a gente a dançar depois de ter visto Pulp Fiction e porque os Sonics eram – e são – uma das melhores bandas dos anos 60 e autores, também, de um disco nada vergonhoso para a idade em pleno 2015: This Is The Sonics.
Do que me recordo é disto: dos Sonics a dar um bom concerto que só pecou por escasso. Dos YACHT a serem chatos. E de Dick Dale, do génio Dick Dale, que dá a dada altura uma das suas palhetas de guitarra a uma menina na fila da frente. Menina essa que estava em cadeira de rodas, mas que se divertia como se voasse sobre a audiência. Vi-a depois a sair e fiquei com esta frase para sempre, dita no sotaque mais bonito do país: ser manquinha até tem cousas boas… E não será preciso mais do que isto para explicar o rock n’ roll.
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Paulo André Cecílio