Opinião: A Arte Subtil De Saber Dizer Que Se F*da, de MARK MANSON

A Arte Subtil De Saber Dizer Que Se F*da

MARK MANSON

Editora: Edições Saída de Emergência

Chancela: Desassossego

Sinopse: Durante décadas convenceram-nos de que o pensamento positivo era a chave para uma vida rica e feliz. Mas esses dias chegaram ao fim. Que se f*da o pensamento positivo! Mark Manson acredita que a sociedade está contaminada por grandes doses de treta e de expectativas ilusórias em relação a nós próprios e ao mundo.

Recorrendo a um estilo brutalmente honesto, Manson mostra-nos que o caminho para melhorar a nossa vida requer aprender a lidar com a adversidade. Aconselha-nos a conhecer os nossos limites e a aceitá-los, pois no momento em que reconhecemos os nossos receios, falhas e incertezas, podemos começar a enfrentar as verdades dolorosas e a focar-nos no que realmente importa.

Recheado de humor e experiências de vida, A Arte Subtil De Saber Dizer Que Se F*da é o soco no estômago que as novas gerações precisam para não se perderem num mundo cada vez mais fútil.

OPINIÃO: Não me lembro bem como é que “conheci” o Mark Manson, mas sei que já lá vão uns anos desde que subscrevi o seu blogue. A sua irreverência, o facto de não ter papas na língua, mesmo que muitas vezes franzisse o sobrolho ao que declarava, é uma das inspirações para ser sempre transparente no que escrevo aqui no blogue. Já sabia da existência deste livro, apesar de nunca o ter lido no original. Boa parte do conteúdo já se encontra espalhado pelos seus artigos ao longo dos anos, ou pelo menos algumas partes pareciam-me já bastante familiares, que fui lendo sempre com alguma expectativa. Ainda hoje visito o blogue dele com frequência. Em A Arte Subtil De Saber Dizer Que Se F*da, Mark Manson consegue então reunir uma série de reflexões sobre aquilo a que nós, humanos, tendemos a dar valor e que muitas vezes não tem valor nenhum. Não considero um livro de auto-ajuda, mas antes uma obra de Não-Ficção que nos dá uma perspectiva pessoal, com exemplos reais da sua vida, de como por vezes temos prioridades e valores com ordens trocadas. Acima de tudo, Mark Manson obriga-nos a “olharmo-nos ao espelho” e a sermos completamente honestos connosco mesmos. Uma abordagem que é cada vez mais necessária, sem névoas, sem paninhos quentes.

O título original da obra (que penso que era parecido com o artigo do blogue dele que li relacionado) é The Subtle Art of Not Giving a F*ck. Apesar da irreverência ter sido mantida no título português, existem subtilezas que a tradução acaba por fazer com que se percam. No livro é utilizada muitas vezes a expressão de “não nos importarmos” com as coisas, mas em inglês “not give a fuck” tem uma força um pouco diferente. Não é só não nos importarmos, não é só dizer “que se foda”, é também ser-nos completamente indiferentes. Daí o título original. Mark Manson utiliza várias vezes o “not give a fuck” durante o texto e nós nem sempre podemos substituir isso por dizer “que se foda”. Pormenores picuinhas à parte, há duas formas de encarar este livro: achar que este livro traz consigo soluções e sair desiludido ou encarar esta narrativa como um abre olhos, um confronto com a nossa postura (quer se concorde quer não) e sair com uma maior determinação em relação àquilo que se quer para si mesmo. E esta última hipótese não significa que iremos concordar sempre com o Mark, às vezes até o acho um pouco incoerente, mas ele tem mesmo a capacidade de colocar as coisas em perspectiva. 

Não sei se alguma vez já fizeram algum tipo de terapia ou foram a algum psicólogo/psiquiatra, mas muitas vezes o que estes fazem (mais do que medicar ou dizer que a vida é linda e que vai tudo ficar bem) é colocar algumas questões (sem conotação de julgamento) que nos colocam em cheque com as nossas crenças. E é isto que A Arte Subtil De Saber Dizer Que Se F*da também consegue. O facto de sentirmos uma profunda franqueza por parte do autor, e é por isso que nos damos ao luxo de dizer facilmente “este gajo é maluco, que se foda”, faz com que haja uma maior ligação e uma maior abertura para considerarmos o que ele nos tenta transmitir. Resumindo: dizer “que se foda” não é não nos importarmos com nada, é antes sabermos escolher bem as nossas lutas e aquilo pelo qual vale empreendermos o nosso tempo e dizer “que se foda” a tudo o que contrarie isso e que possa exigir de nós mais o que aquilo que merece. A vida é feita de pequenas lutas, mas umas valem mais o nosso tempo e dedicação do que outras. A motivação, os valores inerentes a cada uma das nossas acções merecem ser pesadas para percebermos até que ponto são benéficas ou nocivas. E é isto que Mark Manson nos tenta incutir, pelo menos na minha interpretação.

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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