Opinião: Reino de Feras, de Gin Phillips

Reino de Feras

Gin Phillips

Editora: Suma de Letras Portugal

Sinopse: Lincoln é um bom menino. Aos quatro anos é curioso, inteligente e bem comportado. Lincoln faz o que sua mãe diz e sabe quais são as  regras. “As regras são diferentes hoje. As regras são que nos escondamos e que não deixemos que o homem com a arma nos encontre.” Quando um dia comum no jardim zoológico se transforma num pesadelo, Joan encontra-se presa com o seu querido filho. Deve reunir todas as suas forças, encontrar coragem oculta e proteger Lincoln a todo custo – mesmo que isso signifique cruzar a linha entre o certo  e o errado; entre a humanidade e o instinto animal. É uma linha que nenhum de nós normalmente sonharia cruzar. Mas, às vezes, as regras são diferentes. Um passeio de emoção magistral e uma exploração da maternidade em si – desde os ternos momentos de graça até ao poder selvagem. Reino de Feras questiona onde se encontra o limite entre o instinto animal para sobreviver e o dever humano para proteger os outros. Até onde vai uma mãe para proteger o seu filho?

OPINIÃO: Reino de Feras é uma das grandes apostas da Suma de Letras para este início de 2018. Um thriller psicológico que expõe a maternidade e os instintos básicos quando queremos proteger quem mais amamos, num ambiente sufocante com uma grande dose de imprevisibilidade no que toca à dimensão da violência. É também a primeira obra de Gin Phillips, que já foi premiada. Tudo reunido, a expectativa para esta leitura era bastante elevada.

Conhecemos então Joan e o seu filho, Lincoln, de quatro anos, no seu passeio habitual, quase à hora de fecho, no jardim zoológico. O pequeno adora super-heróis, é curioso e irrequieto. Sentimos logo um grande laço entre mãe e filho. Quando chega a hora de fecho, Joan e Lincoln começam a dirigir-se a uma das saídas. Logo aqui, pouco depois da narrativa começar, sentimos que algo está prestes a acontecer. A autora introduz o suspense com Joan a pensar que gostava de encontrar mais gente agora que se está a ir embora. É então que avista um cenário aterrador e o seu sentido de sobrevivência entra em alerta. É aqui que começa a grande caça ao homem, neste caso, a fuga ao homem/aos homens. Do ponto de vista dos maus da fita, Gin Phillips explora a maldade vista por uma perspectiva muito curiosa. Nem sempre é preciso passarmos por eventos traumatizantes, às vezes basta estarmos aborrecidos e não termos bons pilares de personalidade.

De uma coisa não tenho dúvida, esta foi uma leitura galopante que conseguiu manter-me em alerta até à última palavra. Ainda assim, não posso dizer que tenha sido dos thrillers mais empolgantes. Existem algumas brechas na história, pouca evolução das personagens secundárias e algumas circunstâncias e acções pouco coerentes. Apesar de ter lido o livro em dois dias, senti que à medida que caminhava para o fim do livro perdia também alguma empatia com o enredo. Joan é constantemente confrontada com o facto de ter de decidir como agir, qual a melhor forma de proteger Lincoln. Ao início ainda tem telemóvel, mas o uso que lhe fez… E depois existe este pequeno pormenor que ainda hoje me lateja na cabeça… Sendo mãe, como é que se reagiria ao vermos um bebé num caixote do lixo? Algumas perguntas, em relação ao destino de algumas personagens, nunca foram respondidas.

O grande ponto forte desta obra, para além do suspense, é mesmo as questões e reflexões que levanta. Se estivéssemos no lugar da protagonista, o que faríamos para proteger o nosso filho? Não sou mãe e, como tal, nunca senti aquela vertigem que as mães dizem sentir quando algo tão precioso nasce. Dizem que a relação entre mãe e filho/a é tão visceral que a progenitora é capaz de tudo para proteger a sua criança. E aqui, para quem não tem filhos, existe um exercício interessante de tentar sentir essas emoções. A minha maior curiosidade prende-se até com a opinião que leitoras que já são mães possam ter sobre esta história. Existe uma intensidade em toda a história que de alguma maneira faz com que esta nos fique na cabeça, mesmo muito tempo depois da leitura terminada. Resumindo, Reino de Feras é um livro que se lê bastante bem, que não se perde nada em ser lido, e sendo o primeiro livro da autora existe todo um potencial para os próximos virem a ser ainda melhores. Os ingredientes estão lá. 

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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