Dragomante
Filipe Faria e Manuel Morgado
Editora: G Floy Portugal
Sinopse: Um Dragomante e um dragão são guerreiro e cão de guerra, aliados e amigos inseparáveis. Mas uma Dragomante pode ser cobiçada por vários dragões, que ela, em certas circunstâncias, pode a todos domar… No reino de Armitaunin, Nereila, uma jovem Dragomante, conclui por fim o seu árduo treino, juntamente com Ékión, o seu Escudeiro, que deverá protegê-la de qualquer perigo.. e de si mesma. Porque os Dragomantes, que defendem a humanidade da ameaça dos dragões, podem representar um perigo maior ainda que estes, se neles for ateado o fogo que lhes arde nas veias: o fogo de dragão. No caso de Nereila – a primeira mulher Dragomante em séculos – as consequências podem ser mais drásticas ainda, quando os pecados do seu pai regressam para a atormentar. E Ékión, o seu Escudeiro, não sabe se está à altura da tarefa – ou mesmo se deseja fazê-lo. E, se o fogo de dragão for ateado em Nereila, Armitaunin e o mundo inteiro poderão arder.
OPINIÃO: Sou nova nisto das bandas desenhadas, mas o que é certo é que lhe estou a tomar o gosto. Com a G Floy não só conheci a série Saga (uma das melhores experiências e da qual já comecei a falar aqui no blogue), como tive acesso ao universo Marvel com o qual só tomava contacto através de séries e filmes, entre outros. Um desses outros é esta estreia de Filipe Faria no universo BD. Ao contrário do que se poderia esperar, não é Manuel Morgado que o acompanha, mas o oposto. O artista Manuel Morgado já tinha as belíssimas ilustrações, faltava o argumento. Por isso mesmo, comecemos pelo início.
A capa, só por si, chama logo à atenção. Eu sei que até nas BDs existe um pouco o preconceito de que o que é estrangeiro é que é bom, mas Manuel Morgado encosta muitos a um canto com o seu traço e a palete de cores que utiliza para expressar a sua imaginação. Os cenários, que vão de paisagens a cenas bélicas, parecem ganhar uma dimensão multi-dimensional. Sendo um universo populado por dragões, dragomantes (guerreiros que conseguem criar um laço com dragões “domando-os”) e escudeiros, é de louvar o realismo, a emotividade e a agressividade bem conseguidos. Com páginas com esta qualidade, a tarefa hercúlea era agora a de construir um argumento que acompanhasse este sangue na guelra criativo.
Tarefa, talvez injusta, que coube ao escritor português Filipe Faria. A associação ao contexto pareceu-me evidente, quem conhece os universos literários criados pelo escritor português sabe que ele já conta com milhares de páginas em descrições de batalhas, campos de guerra e personagens femininas potencialmente “problemáticas”. Nem sempre achei a narrativa, principalmente os diálogos, extraordinários, mas para a introdução do universo e dos conceitos subjacentes foi suficientemente bom para querermos virar página após página o mais rapidamente possível para desvendarmos a intriga. A dupla portuguesa está de parabéns e, havendo próximos volumes, tem todo o potencial para criar uma série memorável.