2018 é capaz de ter sido um dos anos mais velozes de sempre. É engraçado que ao reflectir sobre os dez anos do blogue, dei conta que parece que vivi quase tantas vidas diferentes como anos passados. No entanto, ao reflectir sobre os últimos 365 dias a vertigem parece ainda mais inacreditável. Entrei em 2018 sem fazer a mínima ideia do que me esperava. Sabia que queria acabar de escrever a tese de doutoramento, sabia que ia tentar manter algum tipo de produção científica e que ainda não tinha viagens planeadas. Acabei a viajar para a Finlândia, com um saltinho à Estónia, ainda no primeiro semestre, no dia 1 de Junho atingi aquele número fantástico dos 30 anos e, de repente, tudo começou a acontecer de forma inesperada e à velocidade da luz.
Tinha uma escola de Verão planeada para Lipari em Julho, mas umas semanas antes de ir, surgiu a oportunidade de me candidatar a Professora Auxiliar Convidada na Faculdade de Ciências. Fui entrevistada, etc, e fiquei com a posição. Porém, tudo tem um preço. Neste caso era terminar a tese o mais rapidamente possível. Férias em Agosto não houve e quando dei por mim o semestre já estava a começar. Com o horário de 12 horas tornou-se praticamente impossível fazer outra coisa que não tentar adaptar-me ao ritmo de preparar três tipos de aulas diferentes por semana, acordar quase todos os dias às 6h, tentar não adormecer nas pausas e escrever então uma tese de doutoramento. Ao mesmo tempo, arranjei maneira de terminar um artigo científico e ainda iniciar um outro projecto que culminou na minha ida a Cambridge.
No meio disto tudo o BranMorrighan. Negligenciado. Penso que foi no ano em que estava para terminar a tese de mestrado que o blogue atravessou crise semelhante, mas são tempos diferentes e, desta vez, tem-me custado deixar este sítio ao abandono. Tem-me salvado o João Morales com as suas preciosas colaborações e as parcerias editoriais que me ajudam a manter o espaço dinâmico com os seus passatempos. Porém, para mim isto não é suficiente. Tenho saudades de me sentar a escrever sobre um livro, sobre um disco, sobre um concerto ou até sobre uma banalidade qualquer só porque sim. Claro que isso tem acontecido a tempos espaçados. Se calhar agora não há como voltar atrás e vai continuar a ser assim, não sei. Mas uma coisa eu sei. Espero que as poucas vezes que isso aconteça sejam vezes de qualidade.
Quero continuar com a missão de divulgar a literatura e a música o máximo possível. Quero continuar a transmitir-vos a minha paixão pelo que me vai salvando do quotidiano mais stressante. A tarefa não se adivinha fácil, mas por isso mesmo faço questão de escrever este post no primeiro dia de 2019. Vale o que vale. 2019 adivinha-se mais um ano cheio de desafios. Vou defender a minha tese de doutoramento, vou fazer parte da organização local da conferência de redes complexas, vou continuar como professora auxiliar convidada na FCUL, entre outros.
O primeiro desafio, na verdade, chega já no início de Fevereiro. Vou uma semana para a Polónia para uma escola de Inverno. O objectivo é não só apresentar o meu trabalho, mas também trabalhar em projectos novos com investigadores de outras áreas. Começamos em Cracóvia e depois a semana mais intensiva é em Zakopane. Claro que no meio disto tudo tenho toda a intenção de me escapar para umas caminhadas pelas montanhas carregadas de neve e, quem sabe, ainda ir a Auschwitz. Chegada a Portugal começa o segundo semestre e lá vamos nós outra vez para a montanha russa da vida.
A nível de leituras iniciei a inscrever-me no desafio do Goodreads com 50 livros como objectivo… Tinha o mesmo para 2018, mas a certa altura tive de o adaptar para 45, um número mais realista. Vamos lá ver como corre 2019. Comecei o ano com duas leituras não-ficção. Comportamento, de Robert M. Sapolsky e Contas-Poupança, de Pedro Andersson. Ainda estou indecisa quanto ao primeiro livro de ficção em que irei pegar.
Claro que não posso terminar esta entrada sem relembrar que dia 18 de Janeiro há festa no Musicbox e dia 1 de Fevereiro no Maus Hábitos. Os bilhetes para a festa do Musicbox já se encontram à venda nos locais habituais, incluindo FNAC, bol.pt, etc. O cartaz do Maus Hábitos vai ser anunciado até ao final da próxima semana. Para divulgar as festas irei, pelo menos, à Vodafone.FM falar sobre as mesmas, portanto depois aviso-vos caso queiram sintonizar 🙂
Como objectivo para esta semana gostava muito de escrever sobre um livro que comprei em Cambridge (tenho esta mania de comprar um livro em cada viagem que faço) chamado Normal People, de Sally Rooney. Foi a minha última leitura de 2018 e acabei por me ver surpreendida ao sentir-me tão presa a uma narrativa claramente young-adult. E digo surpreendida porque, talvez devido à fase do doutoramento que atravesso, quase só tenho lido não-ficção e leitura científica. No entanto, apercebi-me fascinada com a forma como a autora construiu os seus dois protagonistas. Fiquem atentos!
E é isto. Acabei a escrever bem mais do que estava à espera. Obrigada por estarem desse lado e tenham um excelente 2019 recheado de tudo de bom e do melhor!