Faz amanhã cinco semanas que aterrei em Indianápolis para iniciar esta nova fase da minha vida. Como já disse anteriormente, mudar-me para o outro lado do mundo não estava planeado, mas está na altura de confessar que, apesar das saudades infinitas (em que por vezes o peito aperta mesmo e fica ligeiramente difícil respirar), sou uma sortuda. Encontrei pessoas tão boas para mim aqui que a adaptação só tem sido tão suave por causa delas mesmas. Dos meus orientadores aos meus colegas de departamento, todos têm tentado facilitar ao máximo este processo que é aprender a estar longe de tudo e todos que antes eram uma realidade constante.
As rotinas mudam. As pessoas mudam. Não tem que ser para melhor ou pior, mas diferente. E houve muita coisa no meu dia-a-dia aqui que mudou. Algumas para diferente, outras para melhor, pior só mesmo estar longe dos que amo. E como me quero focar nas coisas positivas, imaginem só que volta e meia vou para um campo de basquetebol correr e lançar que nem uma tolinha, cheia de saudades do tempo em que o fazia diariamente! Também entre uma a duas vezes por semana vou a aulas de yoga e as caminhadas pela natureza tento que sejam uma constante aos fins-de-semana.
A nível científico começo, finalmente, a ter tempo para dedicar às minhas coisas. Este primeiro fez foi completamente frenético em termos de tratar de papelada e burocracias e de começar a apanhar o ritmo das reuniões (tenho muito mais reuniões semanais aqui do que tinha em Portugal). Acima de tudo este primeiro mês tem servido para me tentar encontrar e ao mesmo espaço. Tanto a nível pessoal como profissional. Eu tinha certas rotinas de trabalho em Portugal que ainda não consegui implementar aqui, mas sinto que já estive mais longe. Este pós-doutoramento tem tudo para se tornar numa experiência profissional memorável. Os investigadores são todos de excelência, há sempre ideias novas a pairar no ar, é fácil encontrar alguém com quem discutir os temas em que trabalho. Em Portugal não era assim.
Tudo demora o seu tempo a ser desenvolvido. Por exemplo, enquanto que em Portugal eu estava habituada a publicar algum artigo científico anualmente (um ou dois por ano, pelo menos), sei que aqui posso vir a demorar pelo menos um ano até começar a submeter alguma coisa. Pelo menos é esse o feedback que tenho recebido dos outros colegas. É claro que provavelmente os jornais e revistas para os quais vou submeter coisas são mais exigentes do que até aqui (o que faz sentido). Ou seja, tudo é um processo de aprendizagem, mas tem sido uma boa experiência até agora.
Mas já agora deixem-me que vos fale da alimentação aqui. Eu sou vegetariana, o que para os meus colegas é sempre sinónimo de dor de cabeça. Ahahah. No entanto, não tem sido difícil ser vegetariana aqui, o que tem sido é dispendioso… Tudo o que seja frutas e vegetais é bastante caro, se formos para os alimentos orgânicos ainda mais. Até o pão é super caro. Pelo menos se quisermos pão de qualidade. Ainda assim, tem corrido tudo bem e acabo a cozinhar praticamente todas as refeições, tirando quando decidimos almoçar ou jantar fora.
Resumindo e concluindo: balanço do primeiro mês bastante positivo, até à Opera e ao Ballet fui, vou jogando basquetebol de vez em quando, tenho colegas excelentes, faz frio que dói (à noite tem estado 2/3 graus), mas uma pessoa aguenta… Fica aquele apertozinho, do tamanho do mundo, no coração com saudades do meu lindão #ocaobran.