Opinião: A Noite do Caçador, de Sandra Carvalho

A Noite do Caçador

Sandra Carvalho

Editora: Editorial Presença

Sinopse: Amaldiçoada pelos pares, a feiticeira Korinna implora ao renegado Theron que encontre uma cura para o seu tormento. O feiticeiro aceita ajudá-la, sem imaginar que o plano que engendrou resultará em danos maiores. Mikkel, o rapaz nascido da perversidade de Theron, irá crescer no seio de uma tribo humana, no Norte do Mundo, ignorando as suas origens e o propósito para o qual foi gerado. Ciente de que é diferente dos demais, terá de lutar para conquistar a confiança dos seus líderes e defender o povo dos implacáveis norrenos. Confrontado com o seu destino, será forçado a empreender a arrepiante travessia dos Pântanos dos Danados. Porém, na terra onde lhe fora prometida salvação, a sorte armou-lhe outra cilada. Conseguirá Mikkel salvar a família dos feiticeiros que o perseguem, contrariar a maldição que o assombra e libertar a sua amada Kitta da cobiça do rei Uruz, enquanto explora a magia que pulsa no seu sangue? Ou sucumbirá à herança paterna que o compele a alimentar-se de vida, e acabará por se tornar o mais terrível dos Caçadores? Uma aventura fantástica de autodescoberta e constante superação, construída sobre os laços da família, da amizade e do amor, e onde a força, a coragem, a lealdade e a determinação serão testadas a cada fôlego.

OPINIÃO: Não podia deixar 2020 avançar muito sem escrever, finalmente, sobre este livro. Há tantas razões pelas quais A Noite do Caçador é especial que vou tentar focar-me e não me dispersar demasiado. No entanto, antes de avançar, tenho que referir que esta foi uma das minhas últimas leituras antes de partir para os Estados Unidos, tendo depois o privilégio de o apresentar dois dias antes de apanhar o avião. Se os preparativos já andavam a ser emotivos, a leitura e a apresentação derreteram-me por completo o coração. Quem esteve presente na Comic Con em Lisboa, onde decorreu a apresentação, testemunhou um turbilhão de emoções que culminaram numa atrapalhação amorosa de sorrisos, lágrimas e abraços sentidos. Reflectindo um pouco, também a experiência da leitura pode ser descrita desta forma: uma luta em que os laços mais fortes sobrevivem e prosperam, mesmo entre momentos que podem oscilar entre a grande escuridão e a resplandescente luz.

A Noite do Caçador passa-se então no mesmo universo d’A Saga das Pedras Mágicas, mas numa era muito anterior ao primeiro volume da mesma. Claro que se deu logo uma espécie de nostalgia, mas para quem ainda não leu a Saga, não se preocupe, este livro pode ler-se de forma independente sem que se sinta que falta informação. Depois de alguns anos sem este universo, admito que foi bom voltar. É engraçado que cada vez que penso, para mim mesma, qual dos livros da Sandra Carvalho é que gostei mais, uma dura batalha se dá, já que cada universo criado pela autora é tão especial à sua maneira. 

Não sou nada fã, pois não? Continuando… Prometi focar-me e não é de todo o que está a acontecer. Desculpem-me! 

Este décimo segundo livro de Sandra Carvalho mostra-nos uma faceta muito intensa, muito madura, muito… vivida da autora. A narrativa está estruturada a três partes, cada uma delas com um pequeno salto temporal. Na primeira parte conhecemos Theron, o protagonista que queremos odiar, mas que não conseguimos. O caminho que percorremos com ele está cheio de intriga, enganos e traições. Ainda assim, havendo um rasgo de luz na escuridão, a redenção torna-se uma possibilidade, mesmo que não de forma imediata. Na segunda parte, conhecemos Mikkel, o rasgo de luz, rapaz e guerreiro, que atravessa uma adolescência cheia de dúvidas. Sobre quem realmente é, sobre a sua lealdade, sobre a lealdade dos que o rodeiam. A epopeia final não nos dá hipótese senão virar página após página até ao sorriso final. 

E digo sorriso final porque Sandra Carvalho, mesmo no meio de todas as tormentas e tempestades, é sempre capaz de encontrar esperança, redenção, amor e beleza. Esta é uma das coisas que mais admiro na sua escrita. Não são finais felizes só porque sim. São finais felizes porque se sente, genuinamente, que existe uma recusa a que seja de forma diferente. E isto aquece-nos o coração e dá-nos força para transportarmos esta escrita guerreira para a nossa vida real. Reforçando, A Noite do Caçador é mais do que um brilhante livro de fantasia, é uma aventura por entre as zonas cinzentas que fazem parte da vida, havendo perda e conquista, um grande sentido de lealdade, tudo envolto numa narrativa mágica e apaixonante. Ansiosa pela próxima obra da autora! 

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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