A Erva das Noites
Patrick Modiano
Há alguns anos que tenho este livro. Por vezes cheguei a levá-lo em viagens comigo com a intenção de o ler. No entanto, o clichê é verdadeiro e os livros só são lidos quando querem ser lidos. Se forçamos… E ainda não percebi bem se forcei a leitura ou se apenas tive dificuldade em aceitar a personalidade de Jean, o nosso protagonista de A Erva das Noites. Foi a primeira vez que li Patrick Modiano e as referências eram as melhores. Não sei se começar por este pequeno romance em particular foi a melhor escolha, li algures que este livro é melhor compreendido à luz da familiaridade com a sua escrita, mas ainda assim não resisti.
A Erva das Noites, através de apontamentos num caderno preto do protagonista e através dele mesmo, leva-nos a caminhar, literalmente, com Jean por ruas de França, através de um misto entre memórias e estado onírico. Na sua juventude, Jean conheceu um grupo de jovens que habitavam no Hotel Unic, em Montparnasse, e que levavam uma vida de segredos e mistérios, com personalidades um tanto quanto voláteis. Entre esses jovens, encontrava-se Dannie, por quem nunca assume uma paixão, mas a qual se sente pelo deslumbramento e silêncios, por vezes calculados outras vezes ingénuos, descritos na primeira pessoa.
É através da sua relação com Dannie que conhecemos estes outros, os seus comportamentos, e que vamos navegando por uma investigação policial que foi feita aos mesmos ainda durante a sua juventude. Mas os dois grandes pontos centrais nesta walk on memory lane, na minha opinião, são a forma como passados quase cinquenta anos se percepciona o passado e as opções tomadas, e depois a relação com Dannie e o quanto Jean não sabia sobre ela, mas ainda assim transportava consigo um nível de adoração que ainda faz ecos no presente.
Tendo sido a primeira vez que li Patrick Modiano, e dadas algumas expectativas altas, penso que fiquei com a sensação de saber a pouco. Não se trata da qualidade da sua escrita, que realmente tem um tom poético, saudosista, romântico e ao mesmo tempo quase indiferente, como se o distanciamento pudesse ainda magoar, mas sobretudo proteger. Estou convencida que foi a história em si, mais propriamente a relação de Jean com Dannie, que acaba por ser a força motriz do livro. Dito isto, penso que o gosto por esta narrativa será sempre algo muito pessoal. Se a vossa decisão em lê-lo for baseada na qualidade da sua escrita, então sim, vale muito a pena.
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