Numa outra vida eu quero ser um livro
Um simples livro, sem palavras rebuscadas
Não quero ser livro numa estante aborrecido
Quer ter as lombadas já gastas e usadas
Quero conter mensagens de sonho e emoção
Palavras de esperança, ideias de ternura
Quero ser lido com avidez e com paixão
Ser meditado sempre após cada leitura
Quero ser voz de uma escrita sem rodeios
Quero ser o grito das gargantas destemidas
Quero dar a confiança de um abraço amigo
E, como luz de farol num denso nevoeiro
Quero reacender esperanças já perdidas
Quero ser a praia, ser porto de abrigo.
Xico Mendes em Palavras Nossas (Esfera do Caos, 2011 p.327)