Editora: Esfera do Caos
Nº de Páginas: 187
Sinopse: Se a sexualidade e a moralidade, a realidade e a ficção, a descrição e a reflexão, forem exploradas em cada personagem, em cada atmosfera e em cada situação, o resultado pode ser uma viagem sensual, e ao mesmo tempo inspiradora, ao centro da comédia humana. Que dá gosto ler. E que nos convoca para a tarefa do entendimento.
Eis o desafio que Miguel Almeida assumiu com esta obra surpreendente: escrever sobre sexo, citando Nietzsche, interpelando António Quadros e discorrendo sobre o significado de um orgasmo mal comportado.
Opinião: A cirurgia do prazer, um livro de contos de Miguel Almeida, aborda vários temas sobre a sexualidade, amor e prazer. Ao ler a sinopse, fiquei com a impressão que os contos iriam ser um pouco mais “animados” do que alguns mostraram ser.
Muitos dos contos, rondam sempre uma temática mais filosófica sobre a sexualidade do que outra coisa. O que é uma imagem pornográfica? O que não é? Porque é? Porque não é? E às tantas damos conta de o conto ter terminado e o que ficou no ar foi algo para nossa própria introspecção, se assim o quisermos.
Achei bastante engraçados alguns contos em que o autor abordou temas como a traição e as reacções possíveis a uma; a diferença entre amor, amizade, paixão e prazer mostrada na prespectiva de duas pessoas já com mais de 60 anos e também aqueles dilemas, na minha óptica, mais adolescentes – Estará aquela rapariga a olhar para mim? A dar-me atenção? Será que é assim só comigo ou com mais gente? Cada conto aborda uma temática única da sexualidade e da moralidade.
Este livro tem aborda realmente coisas curiosas, mas quando o autor se excede um pouco nas reflexões filosóficas, penso que o livro perde um pouco com isso. E não esperem contos eróticos explícitos ou algo do género. Aqui só se fala sobre sexo.
Para terminar, quero só deixar uma opinião pessoal, enquanto leitora, à escrita do autor: penso que o autor deveria variar mais na forma como começa cada parágrafo. Há contos em que dois ou três parágrafos seguidos começa com “E …” “E…” “E…” ou então “E, no entanto, …” “E, no entanto…” Naqueles contos mais parados e mais filosóficos, penso que não contribui muito.
Resumindo, um livro que alterna entre partes muito engraçadas (como a reflexão de um rapaz se há-de entrar num filme porno português ou não!) e outras um pouco mais chatas em que se colocam muitas questões, mas cujas respostas temos que ser nós a encontrá-las.