O Último Desejo
Andrzej Spakownki
Editora: Editorial Presença
Colecção: Via Láctea #97
Sinopse: Desde a década de 1990 que o bruxo Geralt de Rivia se tornou um dos heróis de culto na Europa de Leste, tendo passado rapidamente do âmbito literário, para o cinema, a televisão e até os jogos electrónicos. Sapkowski, o seu criador, senhor de um humor corrosivo e de uma escrita de características pós-modernas, é um admirável inovador da linguagem. O facto de se ter imposto num mercado onde domina o fantástico anglo-saxónico é por si só uma proeza, mas mais interessante foi ter rompido com os estereótipos do género. Para Spakowski, o normal é serem as princesas a assaltar os caminhos…
Opinião: “People,” Geralt turned his head, “like to invent monsters and monstrosities. Then they seem less monstrous themselves. When they get blind-drunk, cheat, steal, beat their wives, starve an old woman, when they kill a trapped fox with an axe or riddle the last existing unicorn with arrows, they like to think that the Bane entering cottages at daybreak is more monstrous than they are. They feel better then. They find it easier to live.”
Penso que não existe melhor excerto que possa transmitir a essência deste livro. Geralt de Rivia é um bruxo. Como tal, sente-se responsável por erradicar todas as criaturas que se mostrem perigosas para as populações que estejam dispostas a pagar pelos seus serviços. No entanto, com tanto preconceito que existe em relação aos da sua raça, a sua tarefa nunca é facilitada e os agradecimentos nunca chegam com a devida gratidão.
Organizado através de pequenos contos intercalados com “interlúdios” apelidados de ‘A Voz da Razão’, este livro traz até nós um conjunto de aventuras bastante diversificadas em vários valores morais e vários aspectos da natureza humana. Quando nos deparamos com estas situações é fácil de ter noção que para Geralt nem todos os monstros são monstruosos como nem todas as beldades são bondosas. Pena que nem todos vêem as coisas desta maneira.
Apesar do início da leitura não ter sido muito fácil, logo a partir da segunda/terceira Voz da Razão, o entusiasmo pela leitura cresce bastante deixando o leitor preso às histórias do bruxo mais irreverente de Rivia e arredores. Gostei bastante das personagens que o acompanharam nas suas aventuras e principalmente da diversidade de pensamentos e moralidades que foram expressando ao longo do tempo.
Apesar de ser um sucesso estrondoso na Polónia, tendo dado origem ao video-jogo ‘The Witcher’, em Portugal parece não estar a ser dado o devido valor e por isso quero deixar desde já bem claro que recomendo sem restrições a qualquer amante de mundos parecidos com os dos Irmãos Grimm ou àqueles que gostam de uma boa história numa época medieval cheia de conceitos retorcidos e bastante acção. Com um fim deixado em aberto, resta-me esperar pelas próximas aventuras desta magnífica personagem. Gostei.
O Último Desejo na Editorial Presença: http://www.presenca.pt/livro/ficcao-e-literatura/romance-fantastico/o-ultimo-desejo/?search_word=o%20%FAltimo%20desejo
Infelizmente duvido que a Presença publique os restantes livros…
É difícil não se simpatizar com o lacónico Geralt, mas fiquei agradavelmente surpreendido por o ver acompanhado de personagens tão interessante como o irrequieto Torque, a astuta Calanthe, a sádica Renfri, o tagarela Ranúnculo e o meu favorito, Nivellen.
Houve alguma personagem que tenhas preferido?