“Eras tu, e eu na altura não sabia, que irias mudar a minha vida por completo. O que começou por um olhar de curiosidade, cedo se tornou numa fome de te ter por perto. Não que, na altura, eu fosse admitir que despertavas em mim fosse o que fosse, apenas ter-te no meu diâmetro de acção ajudava-me a respirar com mais facilidade, deixava-me descontrair e permitia-me a relaxar. Olhava para ti de viés, tentando perfurar o teu ser, adivinhar a tua personalidade. Sempre tiveste aquele carisma e dom da simpatia, conseguindo ao mesmo tempo ser imensamente distante. Eu chamava-lhe charme, tu chamavas-lhe máscara. Aos poucos fui conhecendo mais de ti. Oscilavas entre a fase do bad boy e o surpreendente homem inteligente e sagaz. Estas últimas características pareciam-me reservadas a poucas pessoas e na minha mente tracei o objectivo de ser uma delas. Lembro-me, com um sorriso nos lábios, do final de tarde naquele jardim, cheio de árvores ancestrais e de estudantes nas suas sombras, em que era suposto discutirmos um novo projecto que, na nossa tola excitação, estávamos convencidos poder revolucionar a área em que estava inserido. Numa questão de minutos tínhamos tostas, sumos, bolinhos caseiros da tua avó e um monte de folhas e canetas à nossa volta. Não devem ter passado mais de vinte minutos quando entre insultos carinhosos e a exaltação, prendeste os teus lábios aos meus. A minha respiração parou naquele momento, as borboletas na barriga que eu jamais tinha pensado voltar a sentir (pelo menos com a intensidade daquelas que sentimos no primeiro beijo) atacaram-me com uma força avassaladora. Afastaste-te um pouco, olhaste para mim, e eu dei conta que precisava de respirar urgentemente, apesar de parecer tão difícil. Acabei por suspirar, um suspiro rouco, ansioso, não sabia o que fazer, estava paralizada. Tu sorriste, lançaste uma gargalhada tal que por momentos me fez sentir perdida. Com aquele jeito que é só teu, aquela expressão que jamais pensaria ver em ti, passaste a mão ao de leve no meu rosto, pousaste-a com convicção atrás do meu pescoço e voltaste a inclinar-te para mim. Desta vez o beijo nada teve de casto ou de leveza, mas antes de urgência e ansiedade. Esse beijo, selou o nosso destino.”
Morrighan
Primeiro capítulo de um romance?
Olá Transcendente, mais uma vez obrigada pelo comentário.
Sinceramente não sei. Para já o texto está encerrado. Este mundo da escrita ainda é muito novo para mim. Estes textos surgem de uma urgência que se apodera de mim em escrever no momento alguma coisa que esteja relacionada de certa forma com um sentimento, música ou imagem. Quando de repente deixo de sentir essa urgência, paro. Não consigo forçar a escrita.
Quem sabe um dia volte a pegar neste texto, ou noutros, e tente fazer alguma coisa. Mas confesso que neste momento não me sinto com capacidades para tal.
Uma desilusão, eu sei, mas também não ando preocupada em vir a ser escritora ou não. Faço estes textos por gosto e porque são libertadores.
Compreendo. Não tem nada de desilusão. Também alimento o meu blog com textos assim, pela liberdade de os escrever e exprimir.
De qualquer forma está muito bem escrito. Pode aventurar-se num pequeno conto 😉
Olá novamente! Engraçado referir isso porque ontem escrevi o meu primeiro conto completo 🙂 É pequenino, em tom romântico (uma área que nem sequer é aquela em que me sinto mais à vontade), mas penso que ficou engraçado. Um dia destes vem cá parar ao blog!
Obrigada pela motivação que retribuo em igual medida 🙂
Venha ele. O pessoal fica curioso 🙂