Escritos Aleatórios #24

“E era assim, que em sonhos, ela o via. Aquele sorriso, aqueles olhos cheios de expressão que a fitavam cheios de curiosidade e algo mais… Seria desejo? O peito dela aqueceu perante tal frontalidade e ousadia. Ele caminhava para ela, hesitante, parecia querer comunicar com ela, mas aos seus ouvidos não lhe chegava nenhum som.

De repente, volta a despertar na sua cama e, sem fazer ideia de que por vezes o véu entre o sonho e a realidade consegue ser mais ténue do que se imagina, murmura, sonolenta, para si mesma:

– “Acorda Nwyfre. Para além de ser impossível algo assim acontecer, muito menos um homem como aquele te olharia alguma vez daquela maneira. De qualquer forma são horas de te pores a andar, não te podes dar ao luxo de ser apanhada… Deuses, como estou farta de fugir!”

Branwyll acorda sobressaltado. O primeiro pensamento, embora pouco coerente, que lhe assalta a mente é “Tenho de a encontrar. Não pode ser apenas um sonho. Não neste mundo de sombras e divindades caprichosas, onde jamais alguma visão ou sonho pode ser ignorada.”

A imagem dela, dos seus olhos cor de avelã, do cabelo dourado a cair sobre a pele morena, fê-lo ter consciência da manifestação física do seu desejo. Não sabe quem será aquela mulher, nem o que representaria para ele, Deus dos Corvos e das florestas sombrias, mas não podia ignorar mais aquele chamamento.

Não era a primeira vez que sonhava com ela, nem sequer a segunda. Esta foi, no entanto, a primeira vez que a encarou e que, surpreendentemente, ela respondeu com a mesma intensidade. Os sonhos conseguem ser terrenos confusos, cheios de armadilhas, principalmente para os deuses. Os seres inferiores que lhes aparecem neles, dificilmente conseguem discernir se é apenas um sonho ou algo mais, como uma busca de um deus, uma visão ou apenas um traçar de um desígnio.

Por muito que Branwyll se queira afastar dos seus pares e das suas ambições, não mais pode ignorar este apelo da sua consciência. Aquela mulher, seja ela de que reino for, corre, claramente, um perigo maior do qual tem consciência. Para alguma coisa ele havia de ser o Deus dos Corvos, dos mensageiros dos deuses. Havia chegado a altura de se assumir como tal.”

Morrighan 5/8/2013 – 13h17

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4 Comentários
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Ju
Ju
11 anos atrás

parabens.
Fica uma vontade de querer saber mais impressionante 😛 muito bom
gosto especialmente dos nomes 🙂

Ju
Ju
11 anos atrás

parabens.
fica a vontade de querer saber mais 😛 muito bom. gosto especialmente dos nomes 🙂

Morrighan
Morrighan
11 anos atrás

Obrigada! :))

Quero ver se volto a pegar nisto brevemente!

António Silva
António Silva
11 anos atrás

Uma ingressão pelo mundo dos sonhos. Morpheu foi generoso. Sabe a pouco…

  • Sobre

    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

    O nome tem origens no fantástico e na mitologia celta. Bran, o abençoado, e Morrighan, a deusa da guerra, têm sido os símbolos desta aventura com mais de uma década, ambos representados por um corvo.

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