Robert Galbraith (J.K. Rowling)
Editora: Editorial Presença
Sinopse: Quando uma jovem modelo, cheia de problemas na sua vida pessoal, cai de uma varanda coberta de neve em Mayfair, presume-se que tenha cometido suicídio. No entanto, o seu irmão tem dúvidas quanto a este trágico desfecho, e contrata os serviços do detetive privado Cormoran Strike para investigar o caso.
Strike é um veterano de guerra – com sequelas físicas e psicológicas – e a sua vida está num caos. Este caso serve-lhe de tábua de salvação financeira, mas tem um custo pessoal: quanto mais mergulha no mundo complexo da jovem modelo, mais sombrio tudo se torna – e mais se aproxima de um perigo terrível…
Um policial envolvente e elegante, mergulhado na atmosfera de Londres – que nos leva desde as ruas privilegiadas de Mayfair até aos bares clandestinos do East End, e daí para a agitação do Soho – Quando o Cuco Chama é um livro notável. Apresentando ao público o detetive Cormoran Strike, este é o aclamado primeiro romance policial de J.K. Rowling, escrito sob o pseudónimo Robert Galbraith.
Opinião: Quando se descobriu que J. K. Rowling, tão famosa pela série Harry Potter, se tinha “escondido” atrás de um pseudónimo para lançar um policial, os leitores ficaram, na sua maioria, super curiosos e entusiasmados. Lembro-me da euforia e da ansiedade enquanto se esperava que o livro fosse traduzido. A Editorial Presença fez mesmo um álbum no facebook onde mostrava o processo da produção do livro. Penso que todos são da opinião que muitas vezes uma obra não é apenas o que tem escrito, mas também toda a envolvência em que está inserida. Dito isto, confesso que não fugi à regra e mal tive oportunidade iniciei a leitura de Quando o Cuco Chama.
Foi uma agradável surpresa iniciar esta viagem pelas ruas misteriosas de Londres em busca de um possível assassino. Cormoran Strike, o nosso detective, está uma personagem extremamente bem construída e caracterizada. Desde as primeiras páginas ficamos não só curiosos sobre a trama principal em si, mas também sobre a sua história pessoal. É fácil compadecermo-nos pela sua condição mais debilitada e a empatia é automática. Robin, a sua inesperada companheira na descoberta do crime, acabou por não ter um papel tão preponderante como ao início achei que ia ter, mas pareceu-me que deixou algumas premissas em aberto para os próximos volumes, tendo sido fundamental para manter o interesse na leitura.
Em termos de acção, não é uma obra de um ritmo frenético, violento em que suspendemos a respiração a cada virar de página, mas antes uma caminhada num labirinto enigmático em que colhemos pistas aqui e ali, em que colocamos em causa tudo e mais alguma coisa e que nos faz reflectir sobre várias motivações humanas para se cometerem determinadas decisões e actos. Temas tão actuais como a ligação entre os extremos de riqueza e pobreza com as drogas, o mundo complicado da moda e da popularidade e ainda as relações por interesse, estão muito bem explorados. É incrível como fica realmente difícil saber em quem confiar, com quem falar, podendo levar ao desespero.
A versatilidade na escrita da autora é assaz evidente. Com Quando o Cuco Chama, J. K. Rowling provou não ser apenas uma escritora de feiticeiros e mundos mágicos, mas também uma promissora escritora no que toca ao policial britânico. Não sendo um livro de fazer ferver o sangue, faz fervilhar a mente e deixa a sua semente de curiosidade para a leitura do próximo livro. Cá ficarei à espera da próxima aventura de Strike & Robin.