Nice Weather For Ducks, é este o nome da banda portuguesa que vos apresento hoje. Malta bem disposta e de origem Leiriense – já um clássico de origem das bandas jovens de qualidade dos dias de hoje – aceitaram responder a algumas perguntas sobre a sua relação com os patos e a água salgada… Ups, falemos um pouco a sério, pois é impossível ficar indiferente não só à energia destes cinco rapazes, dois deles irmãos, como também ao seu percurso. «Quack», o primeiro disco, foi editado pela Optimus Discos – podem ouvir aqui – e são também a banda que abrem e fecham, em conjunto com os já nossos conhecidos First Breath After Coma, o disco «Leiria Calling», editado pela Omnichord Records, disponível com a Blitz de Julho. Sem medo da água salgada e com um gosto especial por vinho carrascudo e morcela de arroz, aqui fica uma das entrevistas mais giras que já fz:
Fotografia de Ricardo Graça |
Olá malta. Digam-me lá, de onde vem essa pancada por patos e respectiva meteorologia?
Olá! Não temos uma pancada especial por patos, ou melhor, não tínhamos. Nice Weather for Ducks é o nome de um tema de Lemon Jelly, tema esse que ouvimos em loop numa noite de copos quando ainda nem sequer éramos adultos. Foi por aí, que, de entre uma extensa lista de propostas para nomes, se destacou este.
Ter dois irmãos na banda é fácil? Dão-se bem ou andam sempre às turras? Já foi preciso fazer alguma intervenção?
Ter dois irmãos numa banda é, no nosso caso, uma das coisas mais difíceis de gerir. É um desafio diário e as intervenções são constantes. Quando estão os dois chateados deixam de se falar e tentam chatear o resto dos elementos, e conseguem. O resultado é uma cena completamente caótica para quem nos vê de fora. É claro que estes episódios não duram, normalmente, mais do que 3 minutos. Se alguém assistir a uma situação destas não tem com que se preocupar. Está tudo bem. 3 minutos é a duração normal de um bom single.
E as vossas influências? Partilhavam-nas entre os cinco, ou cada um trouxe as suas próprias referências?
Quando começámos, todos ouvíamos cenas como Arcade Fire, Vampire Weekend ou Yeasayer. É claro que cada um tem um gosto musical mais próximo de outras ondas, e que vai ficando mais evidente com o passar dos anos, mas preferimos ir todos beber ao mesmo lago para não dar muita confusão.
O nome da vossa primeira faixa do álbum «Quack», “2012”, está muito relacionado com o ano em que surgiram verdadeiramente aos olhos do mundo. Como é que se deu o processo de gravação desse disco e que balanço é que fazem do mesmo dois anos depois?
Foi tudo incrivelmente rápido! Um dia estávamos a tocar numa terra ao lado da nossa, onde também tocou o Nuno Filipe com os Born a Lion e talvez um mês depois estávamos no estúdio do João Santos, mais conhecido por Ramon, dos The Allstar Project a gravar. Para nós isto já era quase inacreditável, mas eis que aparece o Hugo Ferreira a dizer para acabarmos tudo num instante que aquilo ia sair pela Optimus Discos, e tinha de estar pronto no prazo duma semana.
Contem-nos, que história é que este álbum conta a quem o ouve?
Honestamente, não pensámos muito nisso. Deixamos espaço aberto para as pessoas verem nele as histórias que quiserem. Talvez o próximo já tenha uma atmosfera mais delineada e conte uma historia mais concreta,
mas este é um álbum de canções soltas e cada uma vale por si.
Participaram na colectânea Leiria Calling, que saiu recentemente com a Blitz. O que é que metem no sistema de canalização da água, ou lançam para o ar, em Leiria, que faz com que surjam imensos projectos e tantos deles com imensa qualidade?
Nos últimos anos Leiria tem tido uma oferta cultural bastante interessante de todo o tipo de artes. Tudo isto influencia os jovens a interessarem-se pela cultura e a deixarem a sua marca. E claro, vinho carrascudo e morcela de arroz ajudam.
Como foram recebidos em Espanha, onde voltam a actuar este ano?
Fomos muito bem recebidos. As pessoas estavam tão curiosas de nos ver como nós de tocar. Depois tivemos a sorte de ter pessoas com alguma influência a ver os nossos concertos e ainda conseguimos um bom airplay na RNE3. Vamos voltar lá em Setembro. É sempre uma festa e já temos saudades de comer pão com azeite ao pequeno almoço e peixe frito o dia todo.
Este Verão vão actuar no Fusing, aquele festival que decorre em plena praia. Vocês são mais de lagos ou a água salgada não vai ser problema? (Eheheh)
Se puderem arranjem-nos uma piscina de água doce, vinho carrascudo e morcela de arroz. É felicidade garantida e ainda damos um “shap shap” na água salgada.
Neste festival irão haver outras actividades nomeadamente na Gastronomia, Desportos Náuticos e Arte Urbana. Vamos ter arroz de pato como ementa no dia 15? Vá, agora a sério, estão a pensar explorar estas vertentes do festival?
Pode vir o arroz de pato, mas preferimos marisco. Mas sim, acho que estamos todos especialmente entusiasmados com a parte da Gastronomia. Se não tivéssemos uma banda, tínhamos um restaurante! Ou uma marisqueira, vá. Fazemos assim, venha o arroz de pato enquanto estivermos a fazer surf e a grafitar a prancha. Festa. Se houver tempo também vamos tentar umas aulas de surf.
O cartaz é essencialmente português. Acham que deviam haver mais festivais assim ou que alguns nomes estrangeiros poderiam acabar por chamar mais a atenção no sentido de trazer mais público para bandas mais desconhecidas?
As bandas estrangeiras são um chamariz mas está mais do que provado que as bandas portuguesas são boas e arrastam muita gente. Na grande maioria dos casos entre uma banda estrangeira mediana ou quase desconhecida é preferível apontar para uma nacional.
O que esperam para o resto de “twenty fourteen”? E depois disso?
Esperamos concluir o álbum até ao final do ano, de modo a lançá-lo em 2015. Depois é tocar o mais possível.