Fotografia por Eugénio Ribeiro |
O dia 15 de Outubro de 2015 ficou marcado pelo arranque da tour Isaura Francis Dale no Lux, que esgotou e transbordou não só de pessoas como de uma energia imensa. Quer estivessem presentes pela amizade, pela admiração ou apenas pela curiosidade, o frenesim fazia-se notar e às 23h, hora prevista para o concerto começar, já todos ansiavam que as luzes baixassem e os protagonistas subissem ao palco. Passado uns minutos tal aconteceu e tudo ficou silencioso.
In the Elegy, do Francis Dale, foi o início daquele que seria um concerto bastante emotivo. Voltando um bocadinho atrás, eu já conhecia o trabalho do Francis Dale, graças ao Diogo que muito humildemente me mostrou o seu EP quando saiu. Como o mundo é pequenino, fomos a ver e o próprio artwork do seu disco tinha sido realizado pelo João Pedro Fonseca, já bem conhecido aqui no blogue, e a cereja no topo do bolo foi eu realmente ter gostado do seu trabalho. O concerto só veio assoberbar essa noção. Em relação à Isaura, já tinha ouvido o seu EP, mas os nossos caminhos nunca se cruzaram. Em conversa com os D’Alva e por esta ter participado no concerto especial do #batequebate, soube um pouco mais sobre ela e fiquei genuinamente curiosa quando soube da sua junção com Francis Dale numa tour. O EP de Isaura – Serendipity – tem tido uma excelente aceitação, a Change It e a Useless passam na rádio imensas vezes, e a verdade é que os estilos de ambos cruzam-se e complementam-se. Mote dado para uma colaboração promissora, eis que se juntam Ben Monteiro (D’Alva) e Fred Ferreira (Orelha Negra) – também eles músicos cuja qualidade é reconhecida e aclamada por quem trabalha com eles – completando assim a “banda” que sobe ao palco.
Existem uns quantos pormenores nesta colaboração que acho que devem ser notados. O primeiro é a estética. Se os cartazes já realçavam um contraste simples de sombras entre o preto e branco, esse mesmo contraste subiu ao palco emparelhado no branco com Isaura e Ben Monteiro e no preto com Francis Dale e Fred Ferreira. mas não fica por aqui, os traços do espectro oposto faziam-se notar nos pescoços de ambos, ou nos braços, reafirmando e intensificando a noção de complementaridade.
O concerto foi brutal. Os sorrisos do público comprovavam isso mesmo, mas também a gratidão de Francis Dale e Isaura, a cada paragem, tocou nos corações dos presentes. É fácil ligarmo-nos a pessoas que lutam pelos seus sonhos, que quase nem acreditam que se estão a tornar reais, mas que graças ao seu trabalho e dedicação fazem as coisas acontecerem. Entre um ou outro percalço técnico, percorreram-se os temas dos EPs de ambos, alternando entre um e outro e terminando com um coro fervoroso por parte dos espectadores quando Isaura e Francis Dale voltaram ao palco para um encore conjunto das músicas Eleanor e Change It. Nesta última então, Isaura mal precisava de ter cantado, pois as vozes do público estavam bem afinadas e sincronizadas.
Também da parte do Ben e do Fred se notou um carinho enorme pelos seus dois companheiros e as trocas de abraços e provocações ao longo do concerto mostraram um companheirismo invejável. Dizem que a magia não existe, mas eu acho que a música é uma espécie de magia e que quando encontramos pessoas tão em harmonia com aquilo que fazem, com tanta paixão, é magia que acontece, pois o que sentimos não é apenas uma contemplação de algo estático, mas de algo que mexe honestamente com os nossos sentidos.
E é isto da minha parte. Quero deixar aqui um mega abraço com votos de que corra tudo muito, muito bem, pois a continuarem assim, tendo sempre em vista que há sempre por onde crescer e aprender, quer-me parecer que o futuro só pode ser risonho. Um orgulho testemunhar que temos música portuguesa tão boa, que supera bastante algumas referências internacionais que andam por aí.
Mais fotografias, aqui: http://www.branmorrighan.com/2015/10/foto-reportagem-tour-isaura-francis.html
Mais pormenores da tour: http://www.branmorrighan.com/2015/06/destaque-c-opiniao-francis-dale-com.html