O Filho Dourado (Alvorada Vermelha #2)
Pierce Brown
Editora: Editorial Presença
Sinopse: Nascido Vermelho, Darrow trabalhava nas minas de Marte, suportando a dureza do trabalho enquanto sonhava com um mundo mais justo, uma sociedade livre da intriga e dos jogos de poder. Os Dourados, que escravizam e oprimem os restantes, só podem ser derrotados por uma rebelião das castas. Mas para que tal aconteça foi necessário que Darrow se tornasse num Dourado e, uma vez infiltrado, promovesse a revolta. Neste tão esperado segundo volume da trilogia Alvorada Vermelha, Darrow, agora um Dourado, vê-se confrontado com novos desafios. O seu sucesso atrai inimigos terríveis que usam a intriga e a política como arma. Porém, Darrow está determinado a defender o amor e a justiça, ideais seguidos por Eo, apesar de se saber rodeado por adversários sem escrúpulos que pretendem eliminá-lo.
Opinião: Raramente dou cinco estrelas a um livro, mas quando fui “fechar” a leitura no goodreads, nem hesitei. Também é verdade que tenho andado mais afastada do Fantástico porque ultimamente eram poucos os livros que verdadeiramente me conquistavam, mas sendo este uma continuação do Alvorada Vermelha, que adorei, foi inevitável não me agarrar a ele assim que tive oportunidade. Se o primeiro já tinha achado algo denso em termos de trama e de personagens, chegada a este segundo volume a atmosfera só podia ficar ainda mais concentrada. Foi uma leitura com quase 500 páginas em que raramente a adrenalina esteve ausente. Quando acontecia, chegava a apreensão e a cautela. Baixar a guarda em qualquer uma das páginas seria sempre um erro, pois em O Filho Dourado, não existe tal coisa como elemento indispensável ou personagem certa de que irá sobreviver. É nesse ambiente mordaz de traição, mas ao mesmo tempo de grande sentido de esperança, que caminhamos entre as várias cores na esperança de um mundo melhor.
Pode haver quem considere Darrow o grande protagonista desta série, mas na verdade eu acho que o ponto forte da trilogia é precisamente o conjunto de personagens ser tão forte. Nunca sabemos bem o que é que pode vir de quem, mesmo tendo sempre todas as desconfianças em alerta máximo, e o rumo da trama é cheio de reviravoltas. Fascina-me que no meio de tantos planos cruzados em que a destruição parece ser o único destino possível, o autor consiga de forma determinada prevalecer com certos valores morais sem que estes pareçam deslocados ou ridículos na sociedade criada. Nem ao ritmo a que tudo acontece posso apontar qualquer defeito. Há uma ou outra descrição que talvez me custe mais visualizar, mas na verdade a sofreguidão em saber mais acaba por tapar esses pequenos buracos negros com o consumo de mais páginas.
Outro grande dedo na ferida, que o autor se tornou mestre em esfregar sal e vinagre, é o reforço de que praticamente todo o ser humano é corruptível quando confrontado com a oferta de poder. Não tem que ser um poder considerável, basta ser ligeiramente maior do que aquele que possui. Mais para o final da obra temos ainda uma perspectiva de como o ser humano também é capaz de se distanciar do seu lugar no universo e achar-se, de forma natural, capaz de decidir de que forma é que todo o sistema deve funcionar, quem é que é forte, quem é que é fraco, como se uma única pessoa tivesse o direito de definir o destino e o conhecimento de todos os seus outros (não) pares.
Estou muito curiosa com o desfecho da história. O fim deixa-nos numa espécie de abismo que parece não ter como ser contornado, mas se há coisa que Pierce Brown já me ensinou com estes dois livros é que a “salvação” pode aparecer das mais várias e inesperadas formas. Concluindo, estou conquistadíssima por esta história, acho que é uma das melhores apostas da Editorial Presença desde os livros de Justin Cronin e estou ansiosa pelo desfecho. Aconselho vivamente a quem gosta de ficção científica a adquirir o primeiro livro. Mesmo que não se sintam logo arrebatados, dêem uma segunda oportunidade a este segundo. Boas leituras e… Cuidado em quem confiam!