O Luís Sousa é uma das pessoas que mais gostei de conhecer melhor este ano. O seu projecto, Música em DX, é dos mais sérios e com mais qualidade que eu conheço e que me dá gosto ler. E sei que isto vem muito do seu coração e do tempo que (não) tem. Quem me dera ter mais tempo livre para o ajudar, porque também fui convidada a participar no projecto e não tenho tido a disponibilidade que queria. E é isto. Eu podia estar aqui a enchê-lo de elogios, mas pelas playlists que ele preparou vocês vão perceber a sua genuinidade. E visitem o seu site, que conta com uma equipa maravilhosa e super apaixonada pela música. No final do post está o link! Fiquem com o seu testemunho!
A Sofia é uma querida, e achou que eu poderia criar uma playlist interessante para apresentar no seu blog branmorrighan, um dos N incríveis trabalhos de é capaz de fazer em paralelo com tantas outras coisas. Eu não podia recusar tão honoroso convite.
Conhecemos-nos pessoalmente há não muito tempo, embora já nos cruzássemos pelas mesmas salas há algum tempo, e coisas do destino, fãs do trabalho de um e outro sem o sabermos. A música como denominador comum. Bom, a música. Nunca fui um geek da música. Nunca fui de conhecer bandas que ninguém conhece, ou de saber as letras inteiras de músicas, até aquelas que eram das bandas que mais gostava. Até certa altura da minha vida, o meu foco principal era outro, mais centrado numa bola de “cautchum” (assim se dizia nos anos 70 e 80). Sonhava um dia ser jogador de futebol. No entanto, a vida real ia acontecendo, e a música ia-me perseguindo sem que eu fosse dando muito conta. Lembro-me de tenra idade, por volta dos 5 ou 6 anos de idade, da minha mãe me dar a ouvir uma cassete com a banda sonora do filme “O Caçador” (1978, Michael Cimino – http://www.imdb.com/title/tt0077416/?ref_=fn_al_nm_1a), e é algo que nunca mais esqueci. Talvez tenha começado aqui a minha “educação musical”. Desta fase não vou contar com as inúmeras tardes de sábado em que a banda sonora em casa era composta pelo barulho do aspirador e o tema “As Baleias” de Roberto Carlos, “very tipical” nas mães dos anos 80. A entrada no ensino básico é um passo importante para nos relacionarmos com outras pessoas que não as com quem damos uns chutos na bola, e aqui começaram a entrar outras influências. O rock era o que mais me aprazia, e desde aos primeiros sons com Bruce Springsteen, ou Brian Adams, até anos mais tarde a AC/DC, D.A.D, Scorpions, Whitesnake, ou mesmo Xutos que me estreou em grandes concertos aos 15 anos no campo de futebol pelado em Queluz, tudo era benvindo desde que o tom se mantivesse, e os amigos “da rua” alinhassem na festa. Esta foi a primeira fase musical da minha vida.
Um dos meus amigos de sempre é grande fã de sons mais duros, no caso do Metal, e tinha em Metallica e Iron Maiden como as suas bandas preferidas. Óbvio será dizer que sempre que ia a casa dele, levava grandes enxurradas deste género. “Whiplash” (Metallica, “Kill’em’All”, 1983) ou “Wasted Years” (Iron Maiden, “Somewhere in time”, 1986) eram algumas das presenças habituais, e este foi o clique que acabou por determinar o resto da minha vida musical. Explorei Metallica até “mais não”, e acabei por me cruzar com outros sons, que na sua origem não são assim tão dispares do Metal puro dos anos 80. Não me recordo quando, nem como, mas Sisters Of Mercy entrariam na minha vida no final anos 80/inicio dos anos 90. Na altura eram para mim a “luz do dia” (que miséria de concerto no Reverence Valada). A reboque, Joy Division, New Order, Bauhaus (Peter Murphy a solo depois), e principalmente, The Mission – que vão estar em Lisboa em breve – dominaram durante muitos anos as minhas preferências. Embora adepto de estilos tribais dos anos 80/90 como o Metal ou o Gótico, nunca fui de pertencer a qualquer “tribo”. O cabelo grande sempre o tive em “puto”, embora longe de me identificarem como “metálico”, e o preto nunca foi a minha cor. Da mesma forma que quando jogava à bola com o pessoal, enquanto que outros vestiam equipamentos oficiais das equipas, eu levava a tshirt branca oferecida pelo senhor da “Oficina Metalúrgica do Cacém”. Dava-me bem com todos, ao género “elemento neutro”. Não me posso esquecer dos Depeche Mode, que foram também companhia habitual dos meus timpanos nas idas e vindas para a escola, e com o qual eu “torturava” musicalmente falando uma prima que costumava passar fins de semana em minha casa. O “101” ou o “Violator” eram amigos próximos das minhas preferências musicais. Noutro registo, marcante foi também a existência de Nirvana na minha vida, que servia de arma de combate “decibeis ao máximo” em guerra com um vizinho meu que teimava em abanar o prédio com registos mais techno, house, ou trance (obrigado Paulo por me teres demonstrado que jamais gostaria dessa porcaria).
Muita música passou por mim, não merecendo a pena falar em cada uma das coisas que mais gostei até hoje. Faltaria Massive Attack, Radiohead, Strata, Franz Ferdinand, dEUS, Placebo, Sigur Ros, tantos mais. O momento é agora diferente, a minha relação com a música mudou, e por via da fotografia, e do projeto Música em DX, acabei por ficar mais envolvido com o meio. Cruzo-me diariamente com N projetos, portugueses ou estrangeiros, que acabo por ficar fã. Muitas vezes feito “stalker”, persigo esses projetos perguntando a já rotineira questão “então, e para quando coisas novas??”. A playlist seguinte reflete alguns dos projetos de que me recordo, fazem parte desta nova história onde vai-me faltar concerteza alguém por referir. Insch, Lotus Fever, First Breath After Coma, New Mecanica, Bed Legs, Keep Razors Sharp, The White Knights, The Parkinsons, Cheers Leaders, She Pleasures Herself ou The Quartet Of Woah! são alguns dos projetos musicais que se atravessaram pelo caminho, e que passei a seguir de forma recorrente. Eu diria que, para irem percebendo o que acompanho e faz parte da minha “playlist diária”, o melhor será passarem também a acompanhar o projeto Música em DX, do qual faço parte e me acompanham outros amigos com os mesmos gostos :)) (https://www.facebook.com/musicaemdx | http://www.musicaemdx.pt )