[Crónica Paulo André Cecílio] Juventude Sónica

Este poderia ser um texto sobre os Linda Martini, mas não é. É-o, aliás, de uma das bandas que deram forma e cor aos Linda Martini: os Sonic Youth. Uma daquelas bandas que se descobrem na adolescência e que ficam connosco. A meta para quem gosta tanto de noise como de canções. Nação de sonhos à distância de uma escuta. Sentimos imenso a falta deles, não sentimos? Culpe-se Thurston Moore, que depois de tantos anos decidiu ser “homem” e passar a pensar não com a cabeça de cima mas com a de baixo. É pena – os Sonic Youth mereciam ter terminado de forma mais digna.

Os seus últimos concertos em Portugal datam de 2010, meses antes da bomba que eclodiu em seio indie. O álbum a apresentar, The Eternal, não era o melhor – assim como “melhor” não é um adjectivo que em boa parte se possa rotular a qualquer um dos discos de Sonic Youth pós-Washing Machine – mas era, ainda assim, o álbum de pérolas como “Anti-Orgasm”, que não destoam em nada do cânone habitual dos nova-iorquinos. Essa ecoou bem alto pelo Coliseu de Lisboa. Ao contrário dos Gala Drop.

À altura, a banda portuguesa era uma das grandes novidades da música feita por cá – experimental sem merdas, dub, punk, electrónica, you name it – e tinham um disco fabuloso em mãos, homónimo, editado em 2008. E menciono os Gala Drop porque, 1) foi a primeira vez que os vi e 2) foi a primeira vez que vi uma banda ser expulsa do seu palco, após a electricidade no Coliseu falhar e o grupo se ver obrigado a abandonar, envergonhado, a cena, perante o olhar atento na linha lateral por parte de Thurston Moore (que, imaginamos, nunca pensou nos Gala Drop com a cabeça de baixo). Mas só foi mais um caso daquela muy própria Lei de Murphy que é accionada quando se tratam de bandas portuguesas: se algo pode correr bem, alguém tratará de fazer com que corra mal.

Quanto aos Sonic Youth, limitaram-se a cumprir o estipulado no contrato e deambularam não só por The Eternal como também por Daydream Nation, levando a que milhares de pés e gargantas se erguessem aquando de “’Cross The Breeze”, que 30 anos depois continua a ser uma malha maior que a tua vida. Tal como “Death Valley ’69”, que fechou o concerto em altas. Bons velhos tempos em que os homens brancos não davam cabo de coisas boas.

Paulo André Cecílio (PAC)

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    Olá a todos, sejam muito bem-vindos! O meu nome é Sofia Teixeira e sou a autora do BranMorrighan, o meu blogue pessoal criado a 13 de Dezembro de 2008.

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