De manhã o céu cinzento, chuva torrencial, o receio de que tudo fosse mais complicado com aquela condição meteorológica. O que é certo é que pela hora de almoço as nuvens começaram a desaparecer e pelas 16h já tínhamos raios de sol por Lisboa. Foi por volta dessa hora que começou a Tertúlia “Mulheres na Literatura”, painel que moderei e no qual participaram as escritoras Isabel Valadão, Filipa Fonseca Silva e Cláudia Cruz Santos. Com a previsão de duração de uma hora, o que é certo é que eram quase 18h quando as pessoas dispersaram. A conversa foi muito agradável e no fim abri interacção com o público para uma maior dinâmica. Falámos de várias coisas, como por exemplo: Existe mesmo o dito romance feminino? Podemos distinguir o género (feminino ou masculino) do autor de um livro pela sua forma de escrever? Serão homens e mulheres capazes de escrever de igual forma sobre determinados temas? Porque é que na dita crítica literária existem tão poucas mulheres? Será a idade e a aparência uma condicionante do sucesso? Porque é que as pessoas lêem mais homens que mulheres? Porque é que as próprias mulheres fazem essa descriminação? Será consciente? Haverá um estigma associado ao papel da mulher ao longo dos séculos? As respostas deram panos para mangas! Sem dúvida que esta foi uma tertúlia que teve tudo para merecer uma segunda ronda. Parabéns à Bertrand Editora que assim assinalou de forma diferente e antecipada o Dia Mundial do Livro.
Pelas 18h já toda a zona à volta da entrada principal dos Armazéns do Chiado (como poderão ver pelas fotografias) estava completamente a abarrotar. Porquê? Porque um dos projectos mais importantes e carismáticos da música portuguesa ia actuar – os Dead Combo. A dupla Tó Trips e Pedro Gonçalves estendeu-se agora a banda de cinco elementos e lançaram recentemente um novo disco, o Odeon Hotel. A actuação no palco dos Armazéns do Chiado foi em tom de showcase, no sentido em que foi uma actuação que soube a pouco, pois todos queríamos mais e mais. Foram apresentados alguns temas do novo disco, mas houve espaço para “Esse olhar que era só teu” e ainda “Lisboa Mulata”, músicas que se tornaram icónicas no nosso panorama musical. Odeon Hotel é um disco que prima pela diferença desde o início, mas que ainda assim transmite a personalidade inabalável dos Dead Combo. Deus Me Dê Grana é um dos temas mais poderosos do disco, quem sabe de toda a discografia, e será sempre uma excelente maneira de dar o pontapé de saída a qualquer concerto do agora quinteto lisboeta. Dada a dispersão sonora e a conversa de cordel que muitos mantinham a par com a música, fica a o desejo de os ver num ambiente um pouco mais solene, onde fechar os olhos e desfrutar de cada acorde seja uma experiência única e pessoal.