Não sei se alguma vez partilhei isto, mas uma das razões pelas quais deixei de jogar foi porque tive de optar por uma bolsa de doutoramento para me poder sustentar em vez de receber um salário em conformidade com a dedicação que dava ao clube, ainda para mais tendo ajudado o clube a subir à liga, ainda para mais havendo equipa masculina profissional, etc. Resumindo, salário não, mas que aparecesse quando pudesse. Só que eu não sei fazer isto a meias medidas e lá fui para o meu doutoramento, sem arrependimentos, mas com a sensação que tinha acabado de ser desprezada e dispensada sem grande consideração.
E esta discrepância entre a Sue Bird e o Lebron James tão óbvia ilustrada nesta figura trouxe-me estas memórias. Se calhar o sonho que ando a ter em relação a voltar a jogar é só um empurrão para escrever uma série de artigos, em jeito de memória, sobre o meu percurso no basquetebol, que também inclui a selecção nacional (até às Sub-20, até me ter lesionado gravemente e ter feito duas cirurgias) e uns quantos europeus. Há histórias mais cor-de-rosas que outras e o tempo em que pratiquei basquetebol de alta competição trouxe-me tanta alegria e paixão como também umas quantas desilusões e murros no estômago. Digam que é cultural. Não aceito. Só espero que as novas gerações estejam melhor.
Não se pode ter paridade salarial quando ambos não geram o mesmo valor. Eu prefiro ver um partida de High school, G League masculina do que a WNBA. Não se trata de gênero e sim valor, tanto quanto as modelos que ganham infinitamente mais que os homens.