Queridos leitores,
Aqui estou eu, de forma meia inesperada a escrever-vos na véspera de Natal, enquanto tenho Hawkeye a dar na televisão ligada ao meu iPad. Um cenário tão estranho e tão raro que respirei fundo e achei que estaria calma o suficiente para vos escrever. Depois, e escrevo isto em tempo real, comecei este parágrafo e logo a seguir estive para fechar o browser. Decidi continuar.
2021 tem sido um ano tão, tão estranho. Olho para trás e tudo parece ter passado num filme distante. Cheguei dos Estados Unidos há perto de um ano atrás (dia 14 de Dezembro de 2020). A partir daí o tempo parece ter voado. Comecei um novo desafio profissional e em Setembro comecei outro (aquele que sempre imaginei que seria o ideal para mim e que acabou por acontecer) — por ambas as oportunidades estarei para sempre grata.
O nível de trabalho e de stress, pessoal e profissional, apesar de melhor/diferente do que o que foi nos EUA, tem sido bastante mais considerável do que o antecipado. Voltar a Portugal à primeira vista parecia voltar a casa e retomar algum tipo de familiaridade, mas em tempos como os que vivemos – uma pandemia – o familiar deixou de ser um conceito tão bem definido. Quando ainda para mais se está nesta fase da carreira em que as exigências são muitas, mas o suporte nem tanto, a coisa pode tomar contornos borderline.
Felizmente, com altos e baixos, e graças também um pouco ao me ter fechado numa ligeira bolha de rotinas bem definidas (mas longe de serem ainda as suficientes), tenho andado minimamente bem. No entanto, e sendo completamente sincera, a nível de saúde mental a coisa às vezes treme. E tem-me partido o coração testemunhar uma falta de noção e de sensibilidade, nos dias de hoje e no meio de uma pandemia, a esta epidemia invisível que é a falta de saúde mental.
Vou ter de interromper o texto e talvez só vos escreva no próximo ano. Mas não queria deixar de vos deixar um abraço enorme com muito carinho e solideriedade. Feliz Natal 🙂