Spark: The Revolutionary New Science of Exercise and the Brain
John J. Ratey, MD
Eric Hagerman
Editora: Little, Brown Spark
Desde há uns anos para cá que o meu interesse pela forma como o nosso cérebro funciona tem aumentado exponencialmente. Tudo começou com uma pequena proposta de explorar uns dados de fMRI de pessoas com esquizofrenia, que me deixou com mais perguntas do que respostas. Spark não é sobre esquizofrenia, mas deu-me imensas respostas sobre tantas outras perguntas que já tinha feito, e até algumas em que nunca tinha pensado.
Fazer exercício e praticar desporto é tanto o maior aliado de muitas pessoas como também o grande Adamastor de outras tantas. Já tendo sido atleta de alta competição, lembro-me bastante bem da grande maravilha e adrenalina que era estar em pico de forma. No entanto, três cirurgias depois, também conheço a sensação de só de pensar em fazer exercício e querer ficar ainda mais quieta… Não é fácil começar, mesmo sabendo que a médio-longo prazo vai compensar.
Spark começa com John J. Ratey a contar-nos a história de uma escola americana que não costumava ter grandes resultados académicos até terem começado a abordar a educação física de uma forma diferente. O caso de estudo de Naperville, Illinois, é bem conhecido pelos familiares da área, mas parece-me pouco divulgado pelo mundo. Se correr com regularidade aumenta a capacidade cognitiva e performance escolar, porque é que esta reeducação não está a ser feita pelo mundo inteiro? Mais do que obrigar as crianças a correrem porque sim, porque não educar tanto alunos como professores de que forma é que o exercício físico pode fazer toda a diferente no presente e futuro tanto ao nível dos estudos como de saúde?
O que mais me agrada em Spark é precisamente a forma como está documentado e a sua acessibilidade mesmo para quem possa não ter grandes bases científicas. Começando com este exemplo da escola de Naperville, o autor leva-nos por uma série de capítulos em que aborda o impacto do exercício físico tanto a nível micro como macro. Stress, depressão, doenças neuro-degenerativas, motivação, bem-estar e ansiedade, são apenas alguns dos tópicos referenciados. Mais do que isso, os autores revelam mecanismos e ferramentas para optimizar a prática e os seus benefícios.
E para quem já está a levar as mãos à cabeça, a maior parte dos estudos que destacam os benefícios do exercício físico na saúde física e mental têm como referência caminhadas! E para nos ajudar, referenciam os intervalos do ritmo cardíaco a que devemos chegar e durante quanto tempo. Hoje em dia temos pulseiras e relógios a preços acessíveis que nos permitem rastrear o nosso ritmo cardíaco e a qualidade do sono. Podemos usar essa informação como guia para alterarmos o nosso dia e aumentarmos a nossa qualidade de vida. Não tem tanto a ver com o livro, mas por estas razões recentemente adquiri uma e se quiserem depois posso dar-vos o meu feedback.
Resumindo, a escrita deste livro está no tom certo (li esta versão em inglês, não encontrei tradução em português), a narrativa tem tanto dados científicos como exemplos reais e é impossível chegar ao fim sem pelo menos ficar com o bichinho de nos começarmos a mexer um pouco mais diariamente. Não só porque estarmos fit nos proporciona a oportunidade de nos sentirmos bem e confiantes na nossa pele, como também pelos efeitos a nível de rejuvenescimento e retardamento do envelhecimento a nível celular. Recomendo a leitura!