“Não te posso dizer que tenho saudades tuas. Não posso. O meu desejo por ti não diminuiu, a minha ânsia por te encontrar e te poder tocar só aumentou, e todos os dias só penso em como é que vou conseguir passar mais um dia nesta agonia.
Mas vou conseguindo. O trabalho, as amizades, as distracções, tudo junto faz com que haja momentos durante o dia, por vezes dias inteiros, em que não penso em ti e no que tivemos. Não penso no teu olhar, no teu cheiro, na forma como fixavas o teu olhar em mim quando pensavas que estava distraída. Não penso no som do teu riso e na forma como provocavas o meu e fazias com que sentisse que era capaz dos maiores tormentos só para ter mais uma oportunidade de estar contigo. A passear por Lisboa, a observar como as pessoas interagiam, a admirar como muitos eram tão livres nas suas expressões.
Por vezes parece-me que nunca te tive, que nunca me pertenceste verdadeiramente. Que mesmo a forma como conjugávamos vontades e como tudo surgia tão naturalmente não passou de um sonho distante, de outro mundo. Agora que preciso de viver num tempo presente, sem ti, sem nós, sem o quanto me fazias amar-te tão desmesuradamente, não sei se o consigo fazer. Continuas a voltar à minha mente, continuo a ouvir a tua voz. Continuo a andar contigo por ruas imaginárias, a viver uma vida só que noutro tempo, noutro universo.
Quando todos estes pensamentos voltam, seja passado uma hora ou um mês desde a última vez que os tive, tenho a certeza que existem certas coisas que ultrapassam qualquer tipo de compreensão, qualquer tipo de explicação. Porque é que acontecem no momento em que acontecem, porque é que por vezes nos tiram o tecto e ficamos de cabeça perdida e outras vezes nos tiram o chão e não mais nos conseguimos voltar a erguer numa base sólida?.
Perder-te foi como perder parte de mim. Fazes-me falta. O teu sorriso, o teu olhar, a tua forma apaixonada de me surpreenderes com um abraço e um beijo no pescoço quando mais preciso. O teu nariz a roçar na minha orelha até me virares para ti e me plantares um beijo na testa. Até o meu olhar subir de encontro ao teu e os nossos lábios se curvarem em sintonia, até se encontrarem, até explodirem de paixão, tal o fogo que nos consumia quando estávamos por perto. Acabou. Tudo. Teria dado a minha vida por ti. Amo-te.”
Morrighan