A escritora portuguesa Madalena Santos, já entrevistada no blog Morrighan (https://branmorrighan.com/2010/03/madalena-santos-escritora-portuguesa.html), fala sobre a edição de obras no p3. Aqui está o artigo:
Tem apenas 25 anos e conta já com quatro livros publicados num país em que “a escrita não alimenta”. Madalena Santos começou a escrever aos 12 anos, e hoje é a única autora portuguesa a publicar na colecção 1001 Mundos, das Edições ASA.
Foi em 2006 que a jovem escritora publicou o seu primeiro livro, “O Décimo Terceiro Poder”, e inaugurou a saga “As Terra de Corza”, de um romance histórico-fantástico, que culminou no 4.º volume. A narrativa passou-se num “espaço completamente inventado”, mas que tem uma estrutura muito baseada na Europa”, diz. Também a época é desfasada do tempo, mas influenciada por momentos muito específicos da história mundial, desde a Idade Média ao início da Industrialização.
Esta saga já terminou para a escritora, ainda que qualquer um a possa reviver, mas Madalena não pára e está actualmente a escrever um novo enredo.
O leitor português “fica de pé atrás”
Apesar de ser “sempre um túmulo antes de acabar um livro”, não resistiu a desvendar-nos um pouco da nova história. “Cada capítulo é começado pela história de um agricultor que se vai cruzando com as personagens e com o enredo principal. Num tom jocoso e, por vezes, dramático, vou contar a história desse agricultor, que será uma grande metáfora a tudo o que vai acontecer, em cada capítulo, às personagens principais”, alicia.
Quase a terminar a obra, que deverá ser lançada ainda este ano, Madalena admite que actualmente é muito difícil editar um livro em Portugal. “As coisas estão mais complicadas porque as editoras estão muito menos ousadas, jogam mais pelo seguro, apostam em best-sellers que já vêm com uma máquina de marketing preparada e não estão com vontade de apostar em novos autores,” explica.
No entanto, a jovem acredita que a literatura fantástica em Portugal tem qualidades para competir com os grandes nomes internacionais. Falta o apoio “não só das editoras, mas também do público”, garante. “Nota-se que o leitor português fica sempre um bocadinho com o pé atrás quando vê que o livro foi escrito por um português”.
Ainda assim, nem o preconceito a impediu de, em 2010, manter-se quatro semanas consecutivas no TOP 10 d’Os Mais Vendidos da FNAC, com o último volume da saga.
Escrever é quase um “trabalho pro bono”
Ligada aos livros desde sempre, não se lembra do primeiro que leu, mas recorda-se que do primeiro que escolheu para ler. Foi o “Dentes de Rato”, de Agustina Bessa-Luís, que primeiro a conquistou. A infância recheada de livros e o facto de ter começado a escrever em tenra idade, fizeram com que, para Madalena, escrever já faça parte dela. “Não me concebo de outra maneira senão a escrever. Preciso desse escape. É uma evasão ao dia a dia”, afirma.
Por enquanto, Madalena Santos vai continuar a fazer o que gosta. Apesar de lhe ocupar muito tempo e, em Portugal, a literatura ser mais um “trabalho pro bono” do que propriamente um emprego, é sem dúvida o passatempo que lhe dá mais prazer.